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Pentágono expande guerra secreta ao terrorismo

Por Agencia Estado
Atualização:

O lado secreto da guerra dos Estados Unidos contra o terrorismo cresce em silêncio. O Departamento de Defesa planeja expandir o uso de tropas de operações especiais, incluindo aquelas que operam secretamente em conjunto com a força paramilitar da CIA, disseram autoridades e especialistas privados. Forças de operações especiais tiveram um papel determinante na derrubada do regime Taleban no Afeganistão no ano passado, e elas certamente irão figurar nos primeiros estágios de uma ação militar dos EUA no Iraque, em coordenação com forças locais contrárias ao presidente Saddam Hussein, e buscando lançadores de mísseis Scud. O secretário de Defesa, Donald H. Rumsfeld, acredita que os militares precisam aperfeiçoar sua capacidade de encontrar e perseguir terroristas em todo o mundo, e empreender ?ações decisivas? contra eles. Suas iniciativas nesse sentido têm causado atritos com a CIA, e despertado entre alguns a preocupação de que os líderes civis do Pentágono só irão juntar informações de inteligência e atuar em cima de questões que tiverem o interesse do presidente George W. Bush. Oficialmente, o Pentágono não discute sua capacidade de promover ações secretas, mas as indicações sobre o interesse de Rumsfeld nessa área obscura são aparentes num recente estudo de um grupo de assessoramento. O estudo sugere que o Pentágono e a Agência Central de Inteligência (CIA) desenvolvam novos meios de "provocar respostas" de grupos terroristas para que eles possam ser atacados preventivamente. Ações encobertas, operações psicológicas, ataques cibernéticos, operações de forças especiais e "operações que provocam distração" seriam combinadas para desempenhar esse papel. Michael Vickers, um ex-soldado das Forças Especiais e ex-oficial da CIA, disse que, levando em conta a natureza da guerra contra o terrorismo, é bem provável que operações militares encobertas venham a ser usadas mais freqüentemente nos próximos meses. Tendo expulsado a Al-Qaeda do Afeganistão - sua principal base de operação -, os EUA e seus parceiros de coalizão precisam usar mais forças não-convencionais para perseguir indivíduos fugitivos em todo o globo. "É uma indústria em crescimento", disse Vickers, agora um analista no Centro para Assessoramento Estratégico e Orçamentário. O ataque de mísseis da CIA que matou um suposto líder da Al-Qaeda no Iêmen na semana passada é a maior evidência de que os métodos usados para alvejar terroristas estão mudando. Foi o tipo da ação preventiva, fora de uma zona de guerra tradicional, que Rumsfeld quer que os militares assumam. Rumsfeld pensa em adicionar bilhões de dólares ao orçamento de US$ 5 bilhões do Comando de Operações Especiais - o QG baseado na Flórida responsável por todas as forças de operações especiais das Forças Armadas -, os Rangers e os Boinas Verdes do Exército, os Seals da Marinha e os comandos de operações especiais da Força Aérea. Ele também pode aprovar o aumento do número de tais tropas, hoje totalizando 45.000, incluindo reservistas. O secretário de Defesa também tem pedido ao Comando de Operações Especiais para assumir a liderança em algumas operações antiterroristas. Trata-se de uma mudança no arranjo usual de ter um comando regional, como o Comando Central orientado para o Oriente Médio, na liderança das operações. O Comando de Operações Especiais é tão secreto que o site na Internet do Departamento de Defesa não oferece informação sobre ele, apresentando apenas sua insígnia e orientando como podem ser apresentadas propostas de contratos de defesa. William Arkin, um especialista de inteligência que tem escrito sobre o esforço do Pentágono para expandir suas capacidades de ações encobertas, diz que Rumsfeld está construindo "um Exército secreto de elite" e que sua ênfase em tais operações reflete a frustração do Pentágono com o desempenho da CIA e outras agências de inteligência.

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