28 de julho de 2010 | 00h00
WASHINGTON
O Departamento de Defesa dos EUA indicou ontem que não acredita que apenas uma pessoa esteja por trás do vazamento de mais de 92 mil documentos militares secretos americanos para o portal WikiLeaks. Mas o soldado Bradley Manning, de 22 anos, está entre os alvos do inquérito aberto pela Divisão de Investigação Criminal do Exército.
Segundo o secretário de imprensa do Pentágono, Geoff Morrell, Manning seria uma pessoa "interessada" nesse novo vazamento de informações. Ele trabalhava como analista do setor de inteligência e já estaria respondendo desde maio a uma acusação por colocar na internet informações secretas referentes a operações de guerra dos EUA.
O soldado foi acusado de ser o responsável pela divulgação, ao mesmo portal, de um vídeo que mostrou o ataque de um helicóptero Apache do Exército americano que matou 12 civis iraquianos e dois jornalistas da agência Reuters em Bagdá, há três anos. O vídeo foi exposto pelo WikiLeaks em abril.
Dois meses depois, Manning foi preso no Kuwait, graças à delação de um "amigo", a quem o soldado gabara-se de ter encaminhado ao WikiLeaks 260 mil mensagens diplomáticas dos EUA e um vídeo sobre um ataque aéreo americano que matou 97 civis no Afeganistão, em 2009.
Segundo o coronel da Marinha Dave Lapan, responsável pela investigação, o vazamento do material no último domingo é bem mais amplo e complexo que o caso original de Manning. "A atual investigação do vazamento dos documentos ao WikiLeaks não tem como foco uma pessoa, um indivíduo específico. É muito mais ampla. Eles vão ver tudo para determinar qual foi a fonte", afirmou.
Banco de dados. O status de analista do setor de inteligência daria a Manning amplo acesso a informações confidenciais. Embora a divisão do soldado estivesse no Iraque, ele tinha acesso a informações confidenciais sobre outros teatros de operação - incluindo o Afeganistão.
As informações às quais Manning conseguiu acesso estavam sob a guarda do Comando Central das Forças Armadas dos EUA, instituição que supervisiona tanto a guerra do Iraque quanto a do Afeganistão.
A equipe de investigação do Pentágono tenta agora entender como uma quantidade de informações tão grande foi obtida dos servidores sem que o ataque fosse detectado. / D. C. M.
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