Pentágono quer impedir extensão de tempo de serviço

Prática voltou a ser usada após os atentados de 11 de setembro de 2001

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Por Agencia Estado
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As contínuas ações de guerra das tropas norte-americanas obrigaram o país a manter dez mil soldados, marinheiros, aviadores e fuzileiros navais - que participaram de guerras - na ativa, mesmo após completar o período de aposentadoria. A prática não é vista com bons olhos pelo Pentágono e o novo secretário de Defesa norte-americano, Robert Gates, pretende acabar com ela. Gates procura fazer com que a prática - conhecida como "a perda de batente" - "seja minimizada". Ao mesmo tempo, que ele procura uma forma de diminuir o impacto nas tropas e em suas famílias, Gates está recrutando mais pessoas por um período maior e reavaliando o modo como o imposto dos ativos e dos reservas são usados. "O fim da prática está muito atrasado", disse Jules Lobel, vice-presidente do Centro para os Direitos Constitucionais e advogado de alguns dos militares que desafiaram a política na corte. "Foi criado um terrível problema ético", disse Lobel na semana passada. "Alguns soldados têm a sensação de terem sido feitos de tolos ou iludidos durante o recrutamento". Levantamento Gates pediu para que o chefe de cada seção fizesse um plano para o final de fevereiro de como eles procederiam com a perda de batente. A prática de manter os soldados por mais tempo que o necessário em combate estava em desuso, durante alguns anos, e foi restabelecida por todos os serviços depois dos ataques de 11 de setembro de 2001. Como por exemplo, o exército reavivou a prática no começo de 2002 e manteve pessoas com algumas habilidades ou especialidades nas tropas para lutar contra o terrorismo. Mas tarde, passou a reter unidades inteiras. Oficiais do Pentágono não estabeleceram o número de pessoas afetadas por essa norma. Apenas no exército, são dezenas de milhares. O jornal do exército informou, em setembro de 2006, que 10.000 pessoas estavam nesta situação. O total de soldados em serviço no mesmo período em 2003 era de 25 mil. A marinha suspendeu a saída de centenas de marinheiros no ano seguinte aos ataques terroristas e usou a política de aproveitamento do efetivo na invasão do Iraque pelos Estados Unidos em 2003. O corpo de fuzileiros navais fez o mesmo de janeiro até agosto de 2003. No ponto alto, alguns dos 3.400 soldados das tropas na ativa e 440 reservistas ficaram em serviço, disse o porta-voz e primeiro tenente Blanca E. Binstock. A Força Aérea diz não ter estatísticas disponíveis. O Departamento de Defesa diz que a principal razão para a utilização da prática é manter unidades inteiras em serviço, mesmo que para alguns o tempo de serviço já tenha sido extrapolado. "É baseado na coesão da unidade", afirmou a secretário de Defesa Donald H. Rumsfeld, quando questionado por um soldado sobre a tática militar durante uma visita a uma área no Kuwait. "O princípio é que muitas vezes precisamos de unidade para determinada ação, e a prática de estender o serviço mantém a coesão", disse Rumsfeld. Alguns processos tentaram mudar a situação sem sucesso. As cortes concordaram que involuntariamente o Pentágono pode estender a prática, no caso dela ser essencial para a segurança nacional. O presidente Bush disse no mês passado que as tropas devem ser aumentadas, contrariando as previsões administrativas. Uma das primeiras decisões de Gates, ao substituir Rumsfeld em dezembro, foi recomendar que a força do exército fosse aumentada em 65 mil soldados, totalizando 547 mil pelo mundo, e que a quantidade de fuzileiros navais aumentasse de 27 mil para 202 mil.

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