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Pequim proíbe comentários anônimos de usuários na internet

Obrigados a dar seus nomes verdadeiros, internautas temem represálias por críticas ao governo chinês

Por Cláudia Trevisan
Atualização:

CORRESPONDENTE / PEQUIMA China decidiu proibir comentários anônimos na internet, em mais um endurecimento do controle sobre os 400 milhões de internautas do país. A internet transformou-se em um poderoso instrumento de denúncia de abusos de líderes locais do Partido Comunista, muitos dos quais perderam seus postos. Com o fim do anonimato, os usuários temem ser alvo de retaliações, já que serão obrigados a se identificar e dar seus nomes verdadeiros. Wang Chen, ministro do Escritório de Informação do Conselho de Estado, afirmou na segunda-feira que os grandes portais chineses concordaram com a determinação e começaram a exigir identificação dos usuários que deixam comentários online.Vários internautas atacaram a medida. O tom da maioria deles foi resumido em um texto colocado no nfdaily.cn, que ainda permitia o anonimato ontem: "Quem vai proteger a liberdade de expressão dos internautas? Como será resolvida a questão de algumas pessoas usarem seu poder para se vingar de internautas que reportam problemas? Como os internautas vão se atrever a denunciar problemas com seu nome real se sua liberdade de expressão não é garantida?"Segundo Wang, o fim do anonimato também deve ser aplicado aos 233 milhões de chineses que usam seus celulares para acessar a internet.Wang afirmou que o governo aumentará a prevenção contra o acesso a "informações perniciosas" colocadas na internet por "forças hostis" a partir do exterior. O ministro não especificou a quais "forças hostis" ele se referia, mas o governo chinês bloqueia o acesso a milhares de sites que considera "separatistas" ou "subversivos", entre os quais os ligados ao dalai-lama, aos exilados uigures, à seita Falun Gong (banida nos anos 90) e aos movimentos que pedem reformas democráticas no país.

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