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Peres incumbe Bibi de formar governo em Israel

Direitista tem 6 semanas para obter apoio; ele pede que Kadima e trabalhistas se unam à coalizão

Por NYT E AP
Atualização:

O presidente israelense, Shimon Peres, encarregou ontem o líder do partido conservador Likud, Binyamin "Bibi" Netanyahu, de formar um novo governo. A decisão dá a Bibi seis semanas para conseguir o apoio de outros partidos para sua coalizão - que deve garantir pelo menos 61 das 120 cadeiras do Parlamento. Se ele for bem-sucedido - o que, segundo analistas, é provável - se tornará o novo primeiro-ministro. Se falhar, Peres pode lhe dar uma nova chance ou convocar novas eleições. Logo após receber a tarefa, Bibi fez um apelo para que seus adversários do Partido Trabalhista, de esquerda, e do centrista Kadima, da chanceler Tzipi Livni, unam-se a ele. "Vamos trabalhar juntos para o Estado de Israel", disse. "Estamos enfrentando desafios enormes: o Irã está desenvolvendo armas nucleares e o terrorismo iraniano está nos cercando de norte a sul", completou, referindo-se à milícia xiita libanesa Hezbollah e ao grupo palestino Hamas. Bibi e Livni devem se encontrar no domingo para falar sobre a possibilidade de uma coalizão. Na quinta-feira, a chanceler havia dito que seu partido deveria ficar na oposição. "Um governo amplo não tem sentido se ele não tem um norte", afirmou. "As bases estão sendo lançadas para um governo de extrema direita e não haverá nada para nós num governo desses." Ontem à tarde, porém, a presidente do Parlamento israelense (Knesset), Dalia Itzik, que é do Kadima, disse que espera que seu partido se una a Bibi para formar uma "ampla coalizão" - sinal de que há dissidências no bloco centrista. Nas eleições do dia 10, o Likud conquistou 27 cadeiras no Parlamento - 1 a menos que o Kadima. Ainda assim, a direita saiu na frente. O polêmico partido ultranacionalista Israel Beiteinu (Israel Nossa Casa), de Avigdor Lieberman, ficou com 15 cadeiras e também já anunciou seu apoio oficial a Netanyahu, enquanto os trabalhistas, do ministro da Defesa, Ehud Barak, obtiveram só 13. Em tese, os conservadores já têm 65 cadeiras na Knesset. Mas há divergências no bloco. O partido ultrarreligioso Shas, por exemplo, que conquistou 11 cadeiras, reluta em compor com Lieberman por causa de sua agenda laica. Também há dúvidas sobre se um governo ultradireitista poderia resistir por muito tempo com uma agenda contra a chamada "solução de dois Estados" (um israelense e outro palestino) - ainda mais se os EUA de Barack Obama resolverem pressionar por negociações de paz. Daí a vantagem de um governo de ampla coalizão, com o centro e a esquerda. Ainda ontem, o porta-voz do Hamas Fawzi Barhum disse que a escolha de Bibi não contribui "para a estabilidade e a paz na região": "Israel escolheu a figura mais perigosa e extremista."

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