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Peretz ordena revisão no traçado do "muro" na Cisjordânia

O ministro da Defesa de Israel, Amir Peretz, propõe um debate com os engenheiros do muro sobre o trecho ainda pendente que corresponde ao distrito de Jerusalém

Por Agencia Estado
Atualização:

O ministro da Defesa de Israel, Amir Peretz, ordenou às autoridades militares que revisem o traçado do polêmico muro em construção na Cisjordânia. O jornal "Ha´aretz" informa nesta segunda-feira que o ministro propõe um debate com os engenheiros do muro sobre o trecho ainda pendente que corresponde ao distrito de Jerusalém. O objetivo seria reduzir o número de palestinos residentes no oeste da cidade, cerca de 200 mil. Isto, aparentemente, significa que esses moradores ficarão "do outro lado do muro" e não terão mais acesso aos serviços que desfrutam atualmente por serem residentes reconhecidos por Israel, como atendimento médico ou previdência social. A decisão de Peretz foi tomada após a recente decisão do Tribunal Superior de Justiça, que na semana passada ordenou a destruição e a criação de um novo projeto de cinco quilômetros do muro, cujo traçado permitia a anexação de terras de duas aldeias palestinas, ao norte da cidade de Kalkilia, ao assentamento israelense de Tzofin. O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, quer estabelecer em Jerusalém Oriental a capital de um futuro Estado independente nos territórios da Cisjordânia e na faixa autônoma de Gaza. Neste caso, os moradores que ficassem "do outro lado do muro" poderiam fazer parte da população desse Estado. Embora para o Governo do primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, a cidade de Jerusalém seja "capital exclusiva e indivisível de Israel", o setor pacifista, inclusive o Partido Trabalhista, de Peretz, não se opõe a que nos bairros árabes da cidade, habitados por 250 mil palestinos, seja estabelecida a capital palestina. Israel anexou mais de vinte aldeias e bairros palestinos após a "Guerra dos Seis Dias" de 1967 para ampliar o perímetro municipal de Jerusalém, habitada por 480 mil judeus. O ministro da Defesa de Israel pediu ao diretor-geral de seu Ministério, Kobi Toren, e a sua conselheira para Assuntos Legais, Tzvia Gross, que determinem o mais rápido possível que trechos do muro prejudicam os palestinos, e que, dado o precedente do caso do assentamento de Tzofin, podem no futuro obrigar o Exército a destruir a construção em outros lugares. O jornal de Tel Aviv informa que há pelo menos outros dez casos nos quais o muro, em sua maior parte uma cerca alambrada com sensores eletrônicos e torres de observação, foi traçado contemplando necessidades de assentamentos judaicos em expansão. O Governo israelense ordenou há mais de dois anos que o chamado "muro de segurança" fosse construído, em plena Intifada, para "impedir a infiltração de terroristas palestinos". O Tribunal Internacional de Haia, dependente da ONU, a pedido da Assembléia Geral, divulgou há dois anos um ditame no qual considerou a construção do muro ilegal. Já foram construídos mais da metade dos mais de 800 quilômetros previstos.

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