Perfil: Abu Bakr al-Baghdadi, o enigmático 'califa' do Estado Islâmico

Iraquiano à frente do grupo terrorista é um personagem misterioso; em seus discursos, sempre prefere falar de seu autoproclamado califado e de seus inimigos, não de si mesmo

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Por Redação
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O iraquiano Abu Bakr al-Baghdadi, proclamado em 2014 "califa" de todos os muçulmanos pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), é um personagem enigmático, que prefere permanecer na sombra. Nesta terça-feira, 11, o grupo Observatório Sírio para os Direitos Humanos afirmou que ele foi morto, mas não sabe precisar quanto e em que situação.Se a morte for confirmada, essa seria uma grande perda para o EI.

Nascido em 1971 em Samarra, ao norte de Bagdá, Baghdadi, por cuja captura o governo dos Estados Unidos oferecia US$ 25 milhões, ele é dos homens mais procurados do planeta.

Abu Bakr al-Baghdadi, líder do grupo jihadista Estado Islâmico Foto: AP

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Apesar do grande aparato de propaganda do EI, que divulga uma grande quantidade de fotos ou vídeos de suas ofensivas e atrocidades, Baghdadi não aparece muito. "É bastante notável que o líder do grupo terrorista que mais se preocupa com sua imagem seja tão discreto", afirmou em 2015 Patrick Skinner, analista da consultoria de inteligência Soufan Group.

Em dois anos, o "califa Ibrahim" apareceu em apenas um vídeo, gravado em uma mesquita de Mossul e divulgado em julho de 2014. Ele estava com barba grisalha, turbante e roupas escuras.

Na gravação, ele aparece ordenando a todos os muçulmanos que o obedeçam, pouco depois de a organização ter proclamado o "califado" nos territórios sob seu controle na Síria e Iraque.

No fim de 2016, um site de propaganda jihadista divulgou uma mensagem de áudio em que um homem identificado como Baghdadi pede a suas tropas que resistam ao avanço do Exército iraquiano em Mossul. Sua última declaração pública foi em dezembro de 2015.

Mistério

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"Existe um elemento de mistério que vem do fato de ter sobrevivido a várias tentativas de fazê-lo desaparecer", disse Aymenn al-Tamimi, analista do Middle East Forum.

Segundo um documento do serviço secreto iraquiano, Baghdadi é doutorado em Estudos Islâmicos e foi professor na Universidade de Tikrit. Ele teve quatro filhos com a primeira mulher, entre 2000 e 2008, e mais quatro com a segunda.

Em uma entrevista ao jornal sueco Expressen, em março de 2016, Saja Al-Dulaimi, que foi sua mulher durante três meses, o descreveu como "um pai de família normal", professor universitário, admirado pelas crianças.

Baghdadi se uniu à insurreição no Iraque pouco depois da invasão das tropas dos EUA em 2003 e teria sido preso em um campo de detenção americano. Apesar das forças americanas terem anunciado em 2005 a morte de Abu Dua - um de seus codinomes -, ele reapareceu em 2010 à frente do Estado Islâmico no Iraque, braço iraquiano da Al-Qaeda.

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Alguns anos depois, ele conseguiu transformar o grupo na mais potente, rica e brutal organização extremista do mundo, com presença na Síria em 2013 e no Iraque em 2014. Na época, Baghdadi já havia se desvinculado da Al-Qaeda ao rejeitar as ordens de seu líder, Ayman al-Zawahiri, de concentrar-se no Iraque e deixar a Síria para a Frente Al-Nusra.

Islã

Sua trajetória é diferente do caminho traçado por Osama bin Laden, que desenvolveu a Al-Qaeda graças a sua fortuna e já era conhecido internacionalmente muito antes dos ataques de 11 de setembro de 2001, especialmente pelos muitos vídeos em que aparecia.

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"Sua ascensão à fama não pode ser comparada com a de outros líderes terroristas mais famosos. Bin Laden era conhecido por seu nome", afirmou Skinner. "Baghdadi evita ser o centro das atenções e, em seus discursos, fala sobre seu califado e seus inimigos, não de si mesmo", completa o analisa do Soufan Group. / AFP

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