Perfil: Carlos Alvarado, jornalista, roqueiro e novo presidente da Costa Rica

O cientista político é fã do escritor Ernest Hemingway e da banda Pink Floyd, e teve como marca de sua campanha a mensagem de unificação do país e renovação do partido no poder

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SAN JOSÉ - Carlos Alvarado Quesada, de 38 anos, é um apaixonado pela literatura - com três romances publicados, - e um músico amante do rock, que conseguiu manter a centro-esquerda no poder na Costa Rica com sua vitória no segundo turno da eleição presidencial de domingo.

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Carlos Alvarado decidiu deixar o jornalismo quando entrevistou uma senhora de um bairro pobre, cujo filho - com problemas psicológicos - tinha sido assassinado Foto: AFP PHOTO / Ezequiel BECERRA

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Com 95,58% das urnas apuradas, Carlos Alvarado, do governista Partido Ação Cidadã (PAC), obteve 60,74% dos votos, contra 39,26% do rival, Fabricio Alvarado, candidato pelo conservador Restauração Nacional (RN), um partido que surgiu das igrejas neopentecostais.

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Fã do escritor Ernest Hemingway e da banda Pink Floyd, Carlos Alvarado se tornou figura pública na Costa Rica pela militância no PAC. Jornalista e cientista político, com fala pausada e voz grave, teve como marca de sua campanha a mensagem de unificação do país e renovação do partido no poder, aglutinando forças de outros grupos políticos.

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Carlos Alvarado se casou com a namorada do colégio, Claudia Dobles, com quem tem um filho, Gabriel. De pai engenheiro e mãe dona de casa, Alvarado é o filho do meio de três irmãos de uma família de classe média. Seu irmão mais velho, Federico, é engenheiro, como o pai, e sua irmã caçula, Irene, é economista.

Estudante de jornalismo na Universidade da Costa Rica (UCR), ele exerceu a profissão no jornal universitário e no semanário Ojo. Foi na época da faculdade que teve sua principal experiência com a música, como vocalista da banda de rock progressivo Dramátika.

Decidiu deixar o jornalismo quando entrevistou uma senhora de um bairro pobre, cujo filho - com problemas psicológicos - tinha sido assassinado, segundo uma entrevista concedida à emissora Teletica. Estudou ciências políticas na UCR e posteriormente conseguiu uma bolsa de estudos em desenvolvimento na Universidade de Sussex, na Inglaterra.

Carlos Alvarado defendeu o direito ao casamento gay, que a legislação do país proíbe atualmente, e apresentou uma agenda de defesa dos direitos humanos Foto: AFP PHOTO / Ezequiel BECERRA

De volta à Costa Rica, foi coordenador de comunicação da campanha eleitoral do presidente Luis Guillermo Solís, em 2014. Após a eleição, foi nomeado ministro de Desenvolvimento Social, ficando a cargo de programas de apoio às populações mais pobres.

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Dois anos depois de iniciado o governo, o presidente Solís pediu a Alvarado para assumir o Ministério do Trabalho, onde se destacou por reduzir privilégios nas convenções coletivas do setor público.

Como candidato do PAC, teve de arcar com o desgaste do governo atual, que teve sua imagem abalada por um escândalo de tráfico de influência e pelo aumento da violência relacionada à criminalidade.

Mas analistas destacaram que Carlos Alvarado conseguiu se distanciar dos problemas e apresentar uma imagem renovada de seu partido. "Meu dever será unir esta república para fazer com que siga adiante, e seja a república líder do século 21", declarou ele a milhares de seguidores após o anúncio de sua vitória. / AFP

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