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Perfil: Luisa Ortega, revolucionária e defensora dos direitos humanos

Filha de um fazendeiro na região central da Venezuela, Ortega estudou direito em Valência, cidade venezuelana onde ajudou a organizar protestos de estudantes e trabalhadores têxteis nos anos 70

Por joshua Goodman e AP
Atualização:

CARACAS - Luisa Ortega Díaz, a mais importante dissidente chavista, tem uma combinação única de credenciais revolucionárias, profundo conhecimento do funcionamento do governo e um cargo semiautônomo com o qual desafia as ações de Caracas para centralizar o poder e reprimir a oposição. “O que mais preocupa o governo é uma cisão no movimento governista”, disse Francisco Toto, editor de um blog opositor. “Ela representa uma maior ameaça do que 200 mil pessoas nas ruas.”

Até recentemente, os venezuelanos sabiam muito pouco sobre a advogada de 59 anos. Filha de um fazendeiro na região central da Venezuela, Ortega estudou direito em Valência, cidade venezuelana onde ajudou a organizar protestos de estudantes e trabalhadores têxteis nos anos 70, como membro da ala jurídica de uma guerrilha clandestina conhecida como Partido da Revolução Venezuelana. Douglas Bravo, que liderou o antigo grupo marxista lembra dela como uma pessoa trabalhadora. “Ela sempre se manteve firme nos princípios da democracia, respeito pelos direitos humanos e contra o imperialismo”, disse.

Katherine Haringhtontentou, sem sucesso, entrar na sede do Ministério Público para tomar posse do cargo outorgado pela máxima corte, ocupado atualmente por um nome escolhido por Luisa Ortega Díaz (foto) Foto: EFE/Miguel Gutierrez

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Após Hugo Chávez assumir o poder, em 1999, Ortega mudou-se para Caracas para trabalhar como assessora jurídica de uma TV estatal. Tornou-se procuradora federal em 2002 e lidou com importantes casos, incluindo o processo contra os acusados de organizar um fracassado golpe com Chávez nesse ano. Foi nomeada procuradora-geral em 2007 e reeleita em 2014 pela Assembleia Nacional controlada por Maduro.

Sua transformação ocorreu gradualmente, segundo seu marido, o deputado socialista German Ferrer. Após a morte de Chávez, em 2013, Ortega ficou irritada quando funcionários de alto escalão do governo tentaram bloquear alguns processos por corrupção, disse Ferrer. Ela também começou a se distanciar, às vezes publicamente, da rigorosa política de Maduro para os bairros mais pobres, assim como contestar o uso de armas de fogo e milícias pró-governo para controlar os protestos. 

Em 2016, ela chocou muitos ao divulgar publicamente as estatísticas de homicídio no país - algo que não tinha sido feito por anos pelo governo, embaraçado com a crescente violência. “No momento em que nos manifestamos sabíamos que haveria consequências”, disse Ferrer, parceiro da planejada rebelião de Ortega. “Um passo em falso pode se tornar fatal”, acrescentou.

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