Perfil: René Préval retorna ao poder no Haiti

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Por Agencia Estado
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René Préval García nasceu em 17 de janeiro de 1943, é pai de duas filhas, estudou agronomia nas universidades de Gembloux e Lovaina na Bélgica, e Ciências Geotérmicas na universidade italiana de Pisa. Seu currículo político, amplo e reconhecido, se iniciou com uma ativa participação nos Comitês Cívicos de Resistência à ditadura de Jean Claude Duvalier (1971-1986). Préval viveu a primeira metade da década de 1970 nos Estados Unidos, antes de retornar em 1975 a seu país para administrar uma padaria. O presidente eleito entrou na política em 1986, poucos meses antes da queda de Jean-Claude Duvalier, quando conheceu o então sacerdote salesiano Jean Baptiste Aristide. Préval foi membro do movimento esquerdista Honra e Respeito pela Constituição, presidiu um comitê que investigou os desaparecimentos durante o regime ditatorial e militou no Lavalas, coalizão que levou Aristide à Presidência do país após a vitória nas eleições de dezembro de 1990. Em 1991, Préval foi nomeado primeiro-ministro e assumiu os Ministérios do Interior e da Defesa Nacional. O golpe de Estado de 30 de setembro de 1991, liderado pelo então general chefe das Forças Armadas, Raoul Cédras, derrubou o presidente Aristide, e Préval foi obrigado a ir para a clandestinidade. Ele viveu vários meses sob proteção francesa na residência oficial do embaixador da França, e em 13 de fevereiro de 1993 chegou ao México com o status de exilado político. No ano seguinte, em 1994, Aristide voltou à Presidência do Haiti, sob proteção dos EUA, mas Préval não reassumiu nenhum cargo no governo. Em 1995, Préval se candidatou à Presidência da República pelo Lavalas e obteve o apoio majoritário de 87,9% dos poucos eleitores que participaram das eleições. Em 7 de fevereiro de 1996, recebeu o poder de Aristide, que pela Constituição não podia se candidatar novamente, por isso alguns observadores internacionais viram em Préval "um testa-de-ferro" do presidente em final de mandato. Na reta final de seu mandato, foram realizadas eleições consideradas fraudulentas pela oposição - que não disputou o segundo turno - e pela comunidade internacional. A maioria dos votos foi para a Família Lavalas e Aristide, a quem Préval entregou o poder em 7 de fevereiro de 2001. Nas eleições presidenciais do dia 7, Préval também se beneficiou por ser considerado um aliado de Aristide e ainda possui apoio do Lavalas. No entanto, colaboradores mais próximos de Préval afirmam que há muito tempo ele se distanciou política e pessoalmente do ex-presidente Aristide. Casado e com duas filhas, Préval se dedicou nos últimos anos a fabricar e exportar móveis de bambu, sem ter conseguido com esse negócio - nem com sua passagem pelo poder - acumular uma grande riqueza econômica. Plano de governo Préval diz que irá passar o poder para as mãos do povo, descentralizando o poder e fazendo funcionar as assembléias comunais, que serão eleitas no dia 30 de abril. ?É uma estrutura prevista pela Constituição que temos de fazer funcionar?, disse Préval, calculando que esse processo levaria cinco anos. O presidente eleito defende a volta de investimentos estrangeiros e também ressalta a importância da agricultura. ?Temos 80% da população no campo e dispomos de terra e de água para atrair recursos para a lavoura?, lembrou. Préval defende a permanência das tropas da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) por mais alguns anos. ?A Minustah deveria ser menos militar e mais policial?, observou o político, cuja preocupação é criar logo uma polícia nacional eficiente que dispense a restauração do exército, extinto por Aristide em 1994.

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