Permanece impasse sobre ida de Arafat a Belém

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Por Agencia Estado
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Às vésperas do Natal permanecia o impasse hoje na Cisjordânia sobre a ida ou não do presidente da Autoridade Palestina (AP), Yasser Arafat, à Missa do Galo em Belém, a cidade onde nasceu Jesus Cristo, situada na parte cisjordaniana sob controle palestino. No início da noite Arafat mantinha sua posição de enfrentar os bloqueios militares israelenses entre Ramallah, cidade sede da AP em que ele está praticamente confinado há várias semanas, e Belém, a 20 quilômetros de distância, a sudoeste de Jerusalém. Mas havia fortes indícios de que Arafat, de 72 anos, não iria cumprir sua determinação de ir a Belém, "nem que fosse a pé". O Vaticano qualificou a medida israelense de "arbitrária" e informou que sua Secretaria de Estado estava em contato com o governo de Israel para buscar a suspensão da proibição e facilitar "um clima mais conciliatório na área". Mas tropas israelenses detiveram por cerca de 15 minutos e revistaram um comboio de veículos que levava líderes religiosos cristãos para Belém, depois de terem mantido uma reunião com Arafat em Ramallah para lhe manifestar sua solidariedade. A caravana era liderada pelo patriarca latino de Jerusalém, Michel Sabbah. O Exército informou que se tratou apenas de verificação de rotina, mas as forças de segurança israelenses não costumam checar carros de diplomatas e clérigos. Uma fonte nos meios políticos de Israel informou à Associated Press que os militares pararam os veículos porque receberam relatórios do serviço secreto informando que o líder palestino poderia tentar desafiar a proibição israelense, seguindo para Belém com a delegação de Sabbah. O patriarca Sabbah declarou, depois de visitar Arafat, que ele poderia não tentar ir a Belém. Arafat é muçulmano, como mais de 95% dos palestinos. Mas há na Cisjordânia uma importante minoria de palestinos cristãos, predominantemente em Belém, Beit Jala e arredores, onde constituem 35% da população. A mulher de Arafat é católica. Os cristãos alinham-se com os demais palestinos na luta por um Estado. O governo israelense reiterou hoje sua decisão de impedir Arafat de assistir à missa, como ele sempre fez desde que a cidade passou ao controle da AP, em 1995, e reforçou o bloqueio militar com tanques e soldados em torno de Ramallah. O primeiro-ministro Ariel Sharon determinou que a proibição só seria levantada se a AP prendesse os extremistas palestinos que mataram o ministro do Turismo de Israel, Rehavan Zeevi, em outubro. Depois de uma semana de calmaria, hoje, grupos armados palestinos feriram seriamente a tiros um colono judeu perto de Nablus, na Cisjordânia. Um dos atacantes foi morto no tiroteio que se seguiu. A Associated Press recebeu um chamado atribuindo a ação às Brigadas de Al-Aqsa, grupo extremista da Fatah, organização a que pertence Arafat. O interlocutor disse que a ação era uma "retaliação" por Israel não permitir a ida de Arafat a Belém.

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