22 de novembro de 2012 | 02h03
O protesto do dia 8, convocado pelas redes sociais, mobilizou a classe média urbana, em sua maioria não representada por organizações políticas e sociais. A greve geral de terça-feira, porém, convocou trabalhadores sindicalizados aliados aos pequenos produtores rurais, piqueteiros antikirchneristas e grupos de esquerda. Ou seja, foram setores mais populares, representados em sindicatos e movimentos sociais. A reação do governo foi dura: o chefe de gabinete qualificou a greve de "chantagem".
A greve dos sindicatos foi a manifestação central. Os piquetes foram uma ação secundária, mas contribuíram para que o protesto fosse sentido em todo o país. O fechamento de estradas e vias públicas foi incorporado ao protesto social na Argentina na crise de 2001-2002. O governo evitou reprimir os numerosos fechamentos das vias para que a repressão não amplificasse o protesto. Diante de cada desafio, Cristina Kirchner - como fazia seu marido - responde dobrando a aposta.
Ela ainda mantém um férreo controle sobre o Congresso e o emprego dos recursos do Estado que lhe permite influir na política. Embora as eleições legislativas de outubro pareçam muito distantes, são a meta para a qual se dirigem as ações políticas de hoje, tanto na situação como na oposição.
Olhando para o passado, na história argentina, os governos radicais (da União Cívica Radical, hoje na oposição) caracterizaram-se por não terminar seus mandatos. Isso ocorreu com os quatro eleitos desde o surgimento do peronismo, em 1945. Por outro lado, terminaram os mandatos Perón (um), Menem (dois), Kirchner (um) e Cristina (um).
Os cinco mandatos concluídos foram de presidentes de origem peronista, como o governo de Cristina, embora, aparentemente, ela queira transformar essa força política numa espécie de coalizão de centro-esquerda. Portanto, o peronismo é um problema para ela, como mostra a greve, mas também pode ser a solução. A próxima batalha ocorrerá contra o Grupo Clarín - no dia 7, Cristina avançará com sua controvertida lei de mídia.
É DIRETOR DO CENTRO DE ESTUDOS UNIÓN PARA LA NUEVA MAYORIA
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