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Governo do Peru expulsa embaixador da Venezuela no país

Decisão foi tomada em protesto contra a deterioração da situação da Venezuela sob comando de Maduro

Atualização:

LIMA - O governo do Peru expulsou o embaixador da Venezuela no país, Diego Molero, em protesto contra a deterioração da situação da democracia em Caracas. A medida é a mais recente forma de pressão diplomática de países sul-americanos sobre o governo da Venezuela, que, após a instalação de uma Assembleia Constituinte, aumentou a repressão a opositores.

“O governo peruano decidiu expulsar o embaixador Diego Molero após ter expressado sua condenação à ruptura da ordem democrática no país”, diz a nota da chancelaria peruana. O diplomata tem cinco dias para sair de Lima. A iniciativa foi proposta pelo Congresso, controlado pelo partido de Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que cumpre pena de 25 anos de prisão por corrupção e crimes contra a humanidade. 

O chanceler Aloysio Nunes fala à imprensa após reunião de ministros das Relações Exteriores americanos em Lima Foto: EFE / Ernesto Arias

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O Peru e demais países sul-americanos condenaram a instalação da Assembleia Constituinte, tida pela oposição, entidades de direitos humanos e governos da região como uma manobra para manter o chavismo no poder, apesar da baixa popularidade do presidente Nicolás Maduro, no cargo há 4 anos.

No começo da semana, Lima foi sede de uma reunião de 12 chanceleres latino-americanos na qual foi rechaçada a Constituinte de Maduro e a ruptura democrática na Venezuela. “O governo peruano ratifica sua firme disposição de seguir contribuindo para a restauração da democracia na Venezuela”, conclui o texto. 

A expulsão não significa o rompimento completo das relações diplomáticas entre Lima e Caracas. A possibilidade foi descartada pelo presidente Pedro Pablo Kuczynski em razão dos 40 mil peruanos que vivem na Venezuela e não teriam auxílio diplomático caso os dois países rompessem totalmente. 

Mais cedo, Kuczynski criticou Maduro, a quem chamou de ditador, e rejeitou um convite do líder chavista para se encontrar frente a frente com outros líderes da região. 

O líder peruano disse que o bolivariano perdeu sua credibilidade quando deu um golpe de Estado por meio de uma Constituinte fraudulenta. Até a noite desta sexta-feira, o governo da Venezuela não havia respondido às críticas. Recentemente, Maduro chamou Kuczynski de “cão covarde a serviço do imperialismo”. “Não me encontrarei com Maduro”, disse o peruano. “Minha mensagem é: renuncie.”

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Em entrevista à agência Reuters, Kuczynski disse que Maduro perdeu o que restava de credibilidade ao instalar a Constituinte, formada por membros do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).

“Ele é um ditador e conduziu um golpe por meio de uma eleição fraudulenta para eliminar o Congresso”, disse o líder peruano. O comentário foi o mais duro já feito por Kuczynski, um economista que estudou em Oxford e Princeton e havia feito lobby em favor de Maduro para que ele substituísse Hugo Chávez, após sua morte em 2013. Atualmente, o presidente peruano tem liderado os esforços latino-americanos para pressionar a Venezuela a adotar reformas democráticas.

A chanceler de Honduras, María Dolores Agüero, disse nesta sexta-feira à agência EFE que seus colegas latino-americanos se reunirão em setembro, em meio à Assembleia-Geral da ONU, para avaliar a crise venezuelana e pedir a intervenção do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, na busca por uma solução para a situação na Venezuela, onde 125 pessoas morreram desde abril. 

Segundo a chanceler, seu país não reconhece as decisões da Assembleia Constituinte “ilegítima” e condenou o que qualificou de “ruptura da ordem democrática”. / REUTERS, EFE e AFP

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