Peru recorre a Exército para apertar controle 

No Peru, os governadores e prefeitos têm autonomia para exigir ações de controle da pandemia

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Por João Renato Jácome
Atualização:

RIO BRANCO - Com um serviço de saúde precário, os moradores de cidades peruanas que fazem fronteira com o Brasil temem a chegada de novas cepas do coronavírus. A costureira Gabriela Gomes, de 43 anos, vive em Madre de Dios, a 4 quilômetros da cidade de Assis Brasil, no Acre. Gabriela aumentou os cuidados para evitar a infecção da variante amazônica.

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"Quem sai do Brasil pode trazer o vírus. E temos de pagar tudo aqui no Peru, porque o sistema é privado”, disse Gabriela, que tem medo de ver os filhos, dois adolescentes, infectados. Em 2020, ela pegou covid no Brasil. “As medidas que vemos no Brasil, infelizmente, não são o melhor exemplo.” 

No Peru, os governadores e prefeitos têm autonomia para exigir ações de controle da pandemia. O governador regional de Madre de Dios, Hidalgo Okimura, vem defendendo métodos de prevenção para reduzir o número de infecções, impedindo mais mortes e superlotação dos hospitais. 

“Quem sai do Brasil pode trazer o vírus. E temos de pagar tudo aqui no Peru, porque o sistema é privado”, diz a costureira peruana Gabriela Gomes Foto: Arquivo Pessoal

“Estamos bastante preocupados com o aumento no número de casos em nossa região. Essa é uma situação que deve fazer com que as pessoas, a população, comecem a refletir sobre tudo”, disse.

O Estado, que faz divisa com o Brasil, está com as fronteiras fechadas desde março de 2020 e colocou o Exército para impedir a entrada e saída de pessoas, pela cidade de Iñapari.

Okimura avalia a possibilidade de mais restrições. “Atualmente, nossa região está numa situação moderada. Mas é possível que nos classifiquem em um nível mais crítico, significando a necessidade de aplicar restrições ainda maiores e obrigar a ter um maior isolamento social”, afirma o governador.

O Peru, como o Brasil, vem batendo recordes de contaminação nas últimas semanas. O país, que possui mais de 2,8 mil quilômetros de fronteira com Brasil, já registrou 1,3 milhão de casos e quase 50 mil mortes. Há falta de oxigênio em alguns hospitais peruanos. 

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