Pesquisa: estar com gordos é ruim para imagem de magros

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Por Agencia Estado
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Não é nenhuma surpresa saber que as pessoas normalmente não tem boa opinião dos obesos. Mas um novo estudo mostra que o preconceito é pior: muita gente acha que não é bom para a imagem sequer ficar perto de gordos. A pesquisa, realizada na Inglaterra, demonstra a profundidade do estigma suportado por pessoas acima do peso: ele atinge até seus amigos. Tentar combater a discriminação contra os obesos é um dos temas da reunião da Associação Norte-Americana para o Estudo da Obesidade, a mais importante organização desse campo, esta semana, em Fort Lauderdale. Mesmo aqui, entretanto, segundo sugere outra pesquisa, os próprios especialistas podem abrigar sutis, mesmo que não intencionais, atitudes negativas contra seus pacientes. ?O preconceito contra o obeso é poderoso, penetrante e destrutivo?, diz Marlene Schwartz, psicóloga da Universidade de Yale. Na pesquisa inglesa, o psicólogo Jason Halford e seus colegas da Universidade de Liverpol, testaram as reações de 144 estudantes do sexo feminino diante de duas fotos. Uma mostrava um homem jovem, garboso e magro, em pé junto a uma mulher esbelta e de cabelos encaracolados. A outra era a mesma foto mas flagrava o rapaz de braços dados com uma mulher bem vestida e obesa. As voluntárias deram uma rápida olhada em uma ou outra das fotos e foram convidadas a dar sua opinião sobre o homem. Elas lhes deram de 1 a 5 em 50 adjetivos negativos ? chamados fat phobia scale (escala de fobia à gordura) ? que as pessoas freqüentemente aplicam aos obesos A foto em que o rapaz aparece com a moça obesa recebeu 22% a mais de atributos negativos do que a outra, em que se vê um par elegante. Quando com a dama avantajada, o jovem é definido como infeliz, auto-indulgente, passivo, desfibrado, deprimido, fraco, insignificante e inseguro. ?O que mostra que as pessoas projetam atitudes negativas associadas à obesidade não apenas no obeso mas também em todos os associados a ele?, diz Halford. Os pesquisadores descobriram, ainda, que as estudantes, que eram, elas próprias, obesas, foram mais severas com os adjetivos endereçados ao rapaz acompanhado da moça gorda. No mesmo seminário sobre obesidade, há dois anos, os pesquisadores distribuíram um questionário, chamado teste de associação implícita, a cerca de 200 profissionais envolvidos com obesidade. O teste, para medir preconceitos, pedia às pessoas para ligar palavras como ?preguiçoso?, ?burro? e ?inútil? a pessoas magras e obesas. Os resultados, apresentados nesta reunião, mostraram que esses profissionais tenderam a ligar palavras negativas a pessoas obesas, mesmo quando tentavam não o fazer. ?São atitudes inconcientes?, diz Heather Chambliss, do Instituto Cooper de Dallas. Carol Johnson, de Milwaukee, uma mulher de compleição generosa que lidera uma ONG chamada Largely Positive, afirmou no seminário que os obesos são freqüentemente discriminados pelos médicos. Segundo ela, muitos atribuem todos os problemas do cliente ao excesso de peso e, às vezes, não lhes prescrevem os tratamentos padrões, como pílulas para controle da pressão, que indicam para seus pacientes magros. ?A sociedade não quer os gordinhos?, ela concluiu. Rebecca Puhl, da Universidade de Yale, diz que o preconceito contra os obesos começa cedo. Estudos mostram que os pré-escolares são os que mais xingam seus colegas gordos de ?mau?, ?feio? e ?burro?. Segundo ela, os obesos são os menos prováveis a entrarem na faculdade, os menos prováveis a serem contratados para um emprego e os mais prováveis a serem demitidos. ?Expressar atitudes negativas contra os obesos?, ela diz, ?tornou-se uma forma aceitável de preconceito.?

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