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Pesquisa mostra apoio a Bush para a guerra

Após discurso do presidente, 67% dos americanos ficaram mais convencidos das razões contra o Iraque; a mesma quantidade, no entanto, disse não ter sido persuadida pelas propostas para reativar a economia.

Por Agencia Estado
Atualização:

Dois terços dos americanos que assistiram ao discurso do presidente George W. Bush ao Congresso na noite de quarta-feira, ficaram mais convencidos do que estavam antes sobre as razões do líder americano para ir à guerra, se necessário, para desarmas o regime de Saddam Hussein, segundo pesquisa Gallup-CNN. Mas a mesma proporção disse não ter sido persuadida pelas propostas que o Bush apresentou para reanimar a econômica, um problema que afeta os americanos de forma mais direta e imediata e alimentou, nas últimas semanas, uma forte erosão de sua popularidade. Reações positivas à fala de presidentes em questões de segurança são comuns depois do discurso anual sobre o estado da União. O fato de Bush ter ignorado a óbvia relação negativa que existe entre o custo financeiro da guerra e o estado da economia especialmente num discurso no qual prometeu "não passar os nossos problemas adiante para futuros Congresso, outros presidentes e outras gerações", sugere que o líder americano não está livre, como gostaria, do risco de repetir seu pai, o ex-presidente George H. Bush, que ganhou a Guerra do Golfo contra Saddam, em 1991, mas não conseguiu se reeleger dezoito meses depois, por causa da insatisfação dos americanos com a economia. Com tais cálculos certamente em mente, os oposicionistas democratas não se acanharam em criticar o discurso. A líder da minoria do partido na Câmara, Nancy Pelosi, lembrou que a ameaça real para os americanos é o terrorismo e não Saddam Hussein e que uma guerra contra o Iraque alienará aliados e pode complicar os esforços do país para se proteger contra repetição de novos atentados. "O presidente não apresentou um argumento convincente de que o uso da força agora é a única forma de desarmar o Iraque, ou que remover Saddam Hussein do poder garante que um novo regime não seguirá as mesmas políticas". A novidade do discurso de Bush sobre o Iraque foi o anúncio de que, no próximo dia 5, o secretário de Estado, Colin Powell, comprovará ao Conselho de Segurança que o regime de Saddam Hussein está escondendo armas de destruição que as Nações Unidas lhe proibiram de possuir, como condição da rendição incondicional do Iraque no final da guerra de 1991. Hoje, o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, começou a apresentar a líderes do Congresso as provas que a administração alega, em sessão secreta. Embora não esteja claro se as novas informações irão além das quantidades de substâncias que podem ser empregadas como munição em armas químicas e de meios para utilizar tais armas, que constam de relatórios da ONU e Bush listou em seu discurso, a decisão de dar explicações ao Conselho de Segurança indica que a administração está disposta a fazer mais um e, provavelmente, derradeiro exercício diplomático. Fontes diplomáticas disseram que um desdobramento possível do depoimento de Powell, da perspectiva americana, seria o Conselho de Segurança fixar um prazo final para Saddam Hussein revelar as armas de destruição de massa que ainda possui e provas convincentes de que destruiu as armas que sabidamente possuía no passado. Powell disse hoje que fará uma "apresentação abrangente". Tony Cordesman, especialista em questões militares do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, disse que "as pessoas que querem (como prova) um revólver fumegaste provavelmente não o verão" nas informações que o secretário de Estado levará ao Conselho de Segurança. "Mas os EUA têm um bocado de provas sobre atividades, importação e instalações no Iraque" envolvendo armas de destruição em massa". Fleischer afirmou que a administração possui "um Evereste de provas". Bush deixou poucas dúvidas de que o único resultado positivo que vê nas novas consultas com a ONU é uma ampliação do apoio a uma ação punitiva contra Saddam. "Nós fizemos um chamamento às Nações Unidas para que a organização cumpra com sua carta e insista em sua demanda para que o Iraque se desarme", afirmou ele. "Mas o propósito dos Estados Unidos é mais do que seguir um processo, é alcançar um resultado: o fim de ameaças terríveis ao mundo civilizado". O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer sublinhou a mensagem hoje afirmando que a nova rodada de consultas na ONU é uma "janela diplomática" que marca o início da fase final da confrontação "entre o Iraque e as Nações Unidas". Embuído da certeza de quem é capaz de afirmar que derrotará o terrorismo, o líder americano pediu o apoio da comunidade internacional, mas deixou claro que não depende dele para dar a ordem de ataque contra Saddam, se o líder iraquiano continuar a resistir a cooperar plenamente com os inspetores da ONU. "Todas as nações do mundo têm interesse em evitar um ataque súbito e catastrófico", afirmou Bush. "Estamos pedindo a ela que se juntem à nós e muitas estão respondendo; mas o rumo dos Estados Unidos não depende de decisões de outros; quaisquer que seja as ações necessárias, eu defenderei a liberdade e a segurança do povo americano".

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