Pesquisa mostra que em uma semana percepção de americanos sobre coronavírus mudou

De 10 a 16 de março, número de americanos que viam o vírus como ameaça à saúde e economia cresceu

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Por Beatriz Bulla e CORRESPONDENTE
Atualização:

WASHINGTON - Há dez dias grande parte dos americanos assistia a notícias sobre a disseminação do coronavírus sem grande mudança na rotina. Apesar de os casos de infecção se acumularem no país desde o primeiro confirmado, no final de janeiro, as preocupações começaram a crescer no meio de março. Uma pesquisa conduzida pelo instituto Pew Research mostra que a percepção da população sobre a gravidade do vírus mudou rapidamente. 

Durante o período de sete dias entre 10 e 16 de março, quando as entrevistas foram conduzidas, mais americanos se mostraram preocupados. Em 10 de março, quando o Pew Research iniciou a pesquisa, mil americanos haviam sido infectados pelo vírus. Os especialistas e as autoridades de saúde já vinham pedindo distanciamento social, trabalho remoto e redução de viagens, mas a vida seguia quase normalmente.

De 10 a 16 de março, número de americanos que viam o vírus como ameaça à saúde e economia cresceu Foto: Alba Vigaray/EFE/EPA

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Quatro dias antes, o presidente Donald Trump viajou à Flórida para descanso no final de semana e se encontrou com o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. O Estado já registrava duas mortes pelo vírus. 

Até então, Trump vinha minimizando os riscos da disseminação do vírus. No início de março, Trump questionou a veracidade da taxa de mortalidade do vírus divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), disse que poucas pessoas haviam sido infectadas nos EUA e, na porta do resort onde recebeu Bolsonaro, afirmou que não estava nem um pouco preocupado com a chegada do coronavírus à capital americana.

Mas entre o dia 10 e o dia 16 de março, quando o Pew mediu a percepção dos americanos, a avaliação da sociedade mudou e o governo passou a adotar uma nova abordagem.

O total de pessoas que diziam ver o coronavírus como uma ameaça à saúde da maioria da população cresceu de 42% nos dois primeiros dias da pesquisa para 55% nos dias finais. Não apenas com relação à saúde os americanos passaram a dar mais importância à ameaça do vírus: 65% dos entrevistados diziam, no dia 10 de março, que o vírus era uma ameaça à economia. Sete dias depois, 77% da população se preocupava com isso.

Entre os consultados da pesquisa do Pew Research Center, os republicanos - eleitores do partido de Trump - são os mais resistentes a reconhecer o vírus como uma ameaça. Enquanto 59% dos eleitores que se alinham a democratas veem o avanço do covid-19 como uma ameaça à saúde dos cidadãos de todo país, só 33% dos republicanos pensa o mesmo. Americanos que se identificam como democratas também tendem a dizer, mais do que os republicanos, que o coronavírus é uma ameaça à economia, à suas vidas pessoais e finanças. 

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No dia 16 de março, quando a pesquisa foi concluída, 4,6 mil americanos estavam infectados. O número agora chega a 11 mil. A terceira semana de março marcou também a mudança de tom de Trump para o enfrentamento da pandemia. A partir de então, Trump passou a dizer que a situação não está controlada e recomendar extremo distanciamento social.

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