Pessimismo diante de cúpula entre palestinos e israelenses

EUA e Israel anunciaram que só reconhecerão o novo governo palestino se os radicais do Hamas renunciarem a violência e reconhecerem o Estado judeu

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Por Agencia Estado
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A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, reuniu-se neste domingo, 18, com líderes de Israel e dos palestinos para acertar os últimos detalhes diante de um encontro entre as três partes marcado para esta segunda-feira. A cúpula tripartite tem como objetivo tentar reativar o processo de paz no Oriente Médio, e ocorrerá em Jerusalém. Apesar de marcar o reinício dos contatos entre israelenses e palestinos, as expectativas sobre as possibilidades de avanço são pouco animadoras. Na manhã deste domingo, o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, disse que o presidente dos EUA, George W. Bush, concordou em manter o boicote contra o novo governo palestino caso a plataforma não concorde com as demandas do Quarteto de Madri. "Um governo palestino que não aceite as condições do Quarteto não pode receber reconhecimento, e não haverá cooperação com ele," disse Olmert. Em reunião preliminar com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, para acertar os últimos detalhes antes da cúpula de segunda, Condoleezza amenizou o tom das declarações de Olmert. Segundo fontes palestinas que participaram do encontro, Condoleezza teria dito a Abbas que os Estados Unidos esperarão a formação do novo gabinete de união nacional palestino para anunciar se reconhecerão ou não a plataforma. O grupo islâmico Hamas - que atualmente lidera o governo palestino - e o secular Fatah assinaram há alguns dias um acordo que prevê a criação de um governo composto por membros das duas facções, cujo objetivo é conquistar o reconhecimento da comunidade internacional. A secretária de Estado destacou, entretanto, que Washington não abrirá mão de que a nova plataforma cumpra as três condições do Quarteto de Madri - grupo formado por EUA, Rússia, União Européia e ONU - para que as sanções impostas contra o atual governo palestino sejam levantadas. O grupo, que trabalha para obter a paz no Oriente Médio, exige que o governo palestino renuncie a violência, reconheça Israel e respeite os tratados firmados com os israelenses durante administrações palestinas anteriores. "Os americanos nos disseram que esse acordo não cumpre as demandas do Quarteto", disse um assessor de Abbas ao diário israelense Haaretz. "Mas nós chegamos a um entendimento com Condoleezza de que eles (os EUA) irão esperar que o governo declare seu programa", continuou. Governo polêmico Pressionado por um boicote internacional imposto aos palestinos depois que o Hamas assumiu o governo e após meses de disputas internas que resultaram na morte de dezenas de pessoas, o grupo islâmico e o seu rival Fatah concordaram em formar um governo de união nacional, em um acordo assinado há alguns dias na cidade sagrada de Meca, na Arábia Saudita. Embora tenha anunciado que pretende respeitar os acordos entre palestinos e israelenses firmados no passado, ainda não está claro se a nova plataforma irá aceitar a existência de Israel e renunciar a violência. Logo após assinar o acordo, o Hamas anunciou que nunca aceitaria a existência de Israel. Durante o encontro com Condoleezza, Abbas teria dito que o acordo firmado com o Hamas foi o melhor conseguido por ele - uma indicação de que a plataforma de governo terá poucas mudanças. Segundo assessores que participaram da reunião, Abbas e Condoleezza falaram com "sinceridade" - o que, na linguagem diplomática, costuma significar que apareceram dificuldades - e abordaram os temas "com profundidade". Ainda assim, ela teria pedido que o líder do Fatah não alimente muitas expectativas sobre os resultados da cúpula. Na cúpula marcada para segunda-feira, Condoleezza, Olmert e Abbas deverão examinar uma forma de resolver o velho conflito com base na fórmula de "dois Estados, um israelense e outro palestino". Além disso, os três líderes também tratarão da formação do novo governo palestino.

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