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Navio iraniano deixa o Porto de Paranaguá

O cargueiro Termeh seguiu para o Porto de Imbituba para receber 50 mil toneladas de milho e o Bavand iria para o Irã após serem abastecidos pela Petrobrás

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Por Redação
Atualização:

PARANAGUÁ - O navio iraniano Termeh deixou neste sábado, 27,  o Porto de Paranaguá e seguiu para o porto de Imbituba, em Santa Catarina, onde receberá a carga de 50 mil toneladas de milho antes de iniciar a viagem de 37 dias para o Irã. O outro cargueiro, o Bavand, que já está carregado com 48 mil toneladas de milho, deverá seguir ainda neste sábado ou na madrugada de domingo para o Porto de Bandar Imam Khomeini, no Irã, segundo a Administração dos Portos de Paranaguá. O valor total da carga de ambos navios, fretados pela empresa brasileira Eleva, chega aos R$ 100 milhões.

A Petrobrás começou a abastecer na madrugada deste sábado os dois navios iranianos, que estavam retidos havia mais de 50 dias no litoral do Paraná, após uma decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, anunciada na noite de quarta-feira.

Assim que for abastecido, o cargueiroBavand,que já está carregado com 48 mil toneladas de milho, seguirá para o Porto de Bandar Imam Khomeini (Irbik), no Irã Foto: Giuliano Gomes / AP

Os dois ficaram retidos porque a Petrobrás se negou a fornecer o combustível temendo punições dos Estados Unidos, já que os cargueiros são alvos de sanções americanas por causa do programa nuclear do Irã.

Na terça-feira, o Irã ameaçou cortar as importações do Brasil, se a Petrobrás não reabastecesse os dois navios. No dia seguinte, Dias Toffoli determinou que a estatal abastecesse os cargueiros ao considerar que as embarcações iranianas estão sob contrato com a empresa brasileira Eleva Química, que não faz parte da lista de agentes sob efeito de sanções dos EUA.

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As sanções foram implementadas em novembro do ano passado, depois de o presidente Donald Trump abandonar o acordo nuclear com o Irã. Na ocasião, pessoas físicas ligadas ao regime iraniano, embarcações, empresas de agenciamento marítimo, bancos e exportadores iranianos entraram na lista da Ofac, que proíbe empresas americanas de fazer negócios com as entidades sob sanção e congela ativos destas no exterior. 

Segundo o Departamento do Tesouro dos EUA, empresas ou governos estrangeiros que fizerem negócios com as entidades podem ser alvos de multas e sanções.

A indústria de exportação de ureia no Irã acabou sofrendo de maneira colateral o efeito das sanções americanas, que tinham como alvo principal a exportação de petróleo, nos últimos meses. Na Ásia, o mercado de ureia encolheu, com a Índia deixando de comprar o fertilizante dos iranianos graças à pressão americana. 

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Em 2018 o Irã vendeu 4,2 milhões de toneladas do produto mundialmente, uma alta de 26% em relação a 2017. Em 2019, com o impacto das sanções, o fertilizante tem sido vendido cerca de 20% abaixo da cotação de mercado, segundo fontes do setor. 

No Brasil, a compra do fertilizante está vinculada à exportação de milho. Atualmente, a ureia é a principal produto importado do Irã pelo País. 

No primeiro semestre de 2019, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Brasil importou US$ 26 milhões em produtos iranianos. A alta na comparação com o mesmo período de 2018 é de 800%. A ureia corresponde a 96% desse valor. 

Em troca, o Brasil exportou US$ 1,3 bilhão para o Irã no primeiro semestre deste ano, uma alta de 23,85% na comparação com o mesmo período do ano passado. O principal produto da relação é o milho, responsável por 36% das vendas. A soja vem em seguida com 34%.  / EFE

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