Petrolíferas americanas lucrariam com deposição de Saddam

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Por Agencia Estado
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Enquanto os Estados Unidos continuam debatendo a possibilidade de um conflito no Iraque e, assim, a oportunidade de controlar as reservas energéticas do país, as empresas petrolíferas de outros países não perderam tempo nos últimos anos e já estão presentes em Bagdá. O Iraque, com a segunda maior reserva de petróleo no mundo, vinha assinando acordos desde meados da década de 90 com empresas francesas, alemãs, russas, chinesas e japonesas para explorar os campos de petróleo assim que as sanções da ONU, impostas em 1991, fossem suspensas. O problema é que, se as sanções forem revistas, os maiores perderores serão o setor privado dos Estados Unidos e da Inglaterra, pois não fizeram qualquer tipo de acordo com Bagdá nos últimos anos. A solução para essas empresas, portanto, seria retirar Saddam Hussein do poder, o que invalidaria todos os acordos feitos por seu governo com as empresas dos demais países. Alguns dos contratos já estão bastante avançados, segundo revelou à Agência Estado uma fonte do escritório da ONU responsável pelas sanções ao Iraque, com base em Genebra. Uma dessas empresas que estabeleceu contatos com Bagdá foi a russa Lukoil. Em 1997, a empresa de Moscou entrou em um acordo com os iraquianos para desenvolver a infra-estrutura da reserva de Qurna, uma das maiores do mundo. O acordo, de quase US$ 4 bilhões e válido por 23 anos, garante à empresa russa 52% dos lucros da reserva, conforme revela a própria Lukoil em um comunicado enviado à Agência Estado. Segundo o mesmo documento, apesar das sanções da ONU, a empresa iniciou trabalhos técnicos e pesquisas geológicas no Iraque. "O objetivo é estar tudo pronto para quando as atividades voltarem ao normal no país", afirmou a empresa. Outra gigante do setor, a francesa TotalFinaElf, já está em contato para estabelecer uma parceria com o Iraque para explorar a reserva de Majnun. Os chineses também já estão com seus pés no Iraque. A China National Corporation, estatal de Pequim responsável pela exploração de petróleo e gás, assinou um acordo para conduzir atividades na reserva de Rumailah e, segundo informa a própria empresa, já tem um escritório montado em Bagdá. O objetivo da China é aumentar suas importações de petróleo do Oriente Médio de 500 mil barrís por dia, em 1997, para 5,5 milhões em 2020. Curiosamente, China, França, Alemanha e Rússia, membros com cadeira no Conselho de Segurança da ONU, portanto com direito a voto, se opõe ao ataque ao Iraque. Assim, o fim das sanções, e portanto uma solução pacífica ao caso do Iraque, parece não interessar nem aos Estados Unidos nem à Inglaterra, pelo menos enquanto suas empresas não conseguirem um espaço para explorar os recursos iraquianos.

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