Plano Democracia visa proteger candidatos que disputarão as eleições na Colômbia

Medida foi colocada em prática após a campanha eleitoral ser abalada por vários atentados contra políticos; agora, eles poderão contar com coletes à prova de balas, seguranças e carros blindados

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Atualização:

BOGOTÁ - Junto com o programa eleitoral, coletes à prova de balas, seguranças e veículos blindados são um requisito básico para os 400 candidatos que vão disputar as eleições locais e regionais na Colômbia, onde a campanha foi abalada por vários atentados contra políticos.

A proteção está prevista dentro do chamado Plano Democracia, dispositivo com o qual vários órgãos do governo colaboram para que as eleições sejam seguras e que agora, a apenas oito dias das eleições, é tratado com o máximo cuidado.

O Plano Democracia é umdispositivo com o qual vários órgãos do governo colaboram para que as eleições colombianas sejam seguras Foto: Luz Adriana Villa/Flickr

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O plano tem como objetivo proteger os candidatos que, por suas preferências políticas ou pelos interesses de criminosos em determinados municípios, são ameaçados ou até mesmo mortos.

Candidatos políticos já foram alvo de 60% dos 161 incidentes violentos contra políticos registrados neste ano.

Segundo a ONG Missão de Observação Eleitoral (MOE) em seu último relatório, em três meses de corrida eleitoral, funcionários, candidatos e equipes de campanha foram vítimas de 50 ameaças, 10 atentados e 10 assassinatos. No panorama geral, porém, houve redução da violência.

"Na comparação com as eleições locais realizadas há quatro anos, tivemos uma diminuição de 70% das ameaças, atentados e assassinatos de líderes e candidatos", destacou em entrevista o diretor da União Nacional de Proteção (UNP), Diego Mora.

A UNP, que protege 8.500 representantes de organizações de direitos humanos, políticos e dirigentes sociais, é responsável, junto com a polícia, pela segurança direta dos candidatos com medidas "duras e brandas".

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As brandas, explicou Mora, são coletes à prova de balas. As duras, veículos blindados e escolta de um ou vários seguranças, em função do risco vivido pelo candidato. Para essa eleição, 80% estão protegidos com "medidas duras", completou o diretor da UNP.

As iniciativas evitaram, por exemplo, o assassinato de Andrés Guerra Hoyos, candidato a governador de um estado no noroeste do país pelo Centro Democrático, de direita, e que escapou de um atentado graças ao dispositivo de segurança.

O Centro Democrático e a União Patriótica são os que mais causaram vítimas em razão de incidentes violentos desde o início da campanha. O primeiro, cuja figura mais conhecida é o ex-presidente e senador Álvaro Uribe, recebeu 15 ataques. Já o segundo, assim como o Partido Liberal, sofreu 10 atentados.

O Plano Democracia inclui 250 veículos blindados e cerca de 800 servidores, entre seguranças e agentes da polícia. Nesse caso, os agentes recebem um treinamento especial que inclui técnicas de condução sob pressão, além de proteção e transporte de um candidato em meio a um tiroteio.

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No entanto, o subdiretor do Departamento de Proteção da polícia, Julio César González Bedoya, essa é a última parte de um processo que começa com conselhos básicos aos candidatos, como não repetir rotas e evitar frequentar locais de risco.

"Temos uma cartilha com as medidas de autoproteção, que não são dirigidas apenas à pessoa, mas também ao seu núcleo familiar e, muitas vezes, ao seu entorno residencial e de trabalho, ou para onde ele tenha que se deslocar para realizar suas atividades", explicou.

Os agentes determinam o "nível da ameaça" após reuniões com os líderes dos partidos que pedem proteção para os candidatos. Segundo os cálculos do coronel, há identificadas "2.400 sedes políticas com níveis de risco".

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Muitos analistas acreditam que as eleições serão especialmente tensas pelo que está em jogo: o controle dos municípios e 80% do milionário investimento que chegará ao país com o acordo de paz que deve ser assinado entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em março de 2016. /EFE

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