Plano franco-alemão para o Iraque recebe apoio da Rússia e críticas dos EUA

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Por Agencia Estado
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Um plano para evitar uma solução militar no Iraque - divulgado pela revista alemã Der Spiegel, que o atribuiu à França e à Alemanha -, ganhou hoje o apoio da Rússia e críticas dos EUA. Mas, aumentando a confusão sobre o tema, a ministra da Defesa francesa, Michelle Alliot-Marie, desmentiu a existência do plano para desarmar o Iraque. "O que há são propostas formuladas publicamente pelo ministro das Relações Exteriores (da França, Dominique de Villepin)", disse a ministra. "Sei que essas propostas têm recebido o interesse e o apoio de vários países, mas não se trata de um plano franco-alemão." Durante a Conferência de Internacional sobre Segurança - que reúne principalmente representantes de defesa e segurança dos países da Organização dos Países do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na cidade alemã de Munique -, o ministro de Defesa da Alemanha, Peter Struck, deu a entender que o plano seria apresentado ao Conselho de Segurança da ONU na sexta-feira, após a entrega do relatórios sobre as inspeções de armas no Iraque. Segundo a revista, o plano consistiria em triplicar o número de inspetores de desarmamento no Iraque. Atualmente, são cerca de cem. Também prevê enviar milhares de tropas de paz (capacetes azuis) sob mandato da ONU para garantir a segurança dos trabalhos dos inspetores, estabelecer postos de controle e revistar caminhões e ônibus suspeitos. O plano propõe também fechar totalmente o espaço aéreo iraquiano aos seus aviões. O patrulhamento aéreo seria feito por caças franceses Mirage, alemães Luna e aviões de reconhecimento americanos U-2. As inspeções seriam dirigidas a partir de um centro de coordenação no Iraque, por um "coordenador permanente" das Nações Unidas. As sanções ao Iraque seriam reforçadas até o fim do processo de inspeção para controlar as exportações ilegais de petróleo. Struck assinalou que se tratava de uma "reflexão comum sobre alternativas pacíficas concretas a uma solução militar do conflito do presidente francês, Jacques Chirac, e do chanceler federal alemão, Gerhard Schroeder". Fontes oficiais alemãs chegaram a anunciar a disposição de enviar seus "capacetes azuis" ao Iraque, caso a ONU tomasse uma decisão nesse sentido. Ainda segundo essas fontes, Schroeder deve apresentar oficialmente o plano aos parlamentares alemães na quinta-feira. A reação norte-americana ao anúncio do plano foi imediata. O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, disse que a proposta é "diversionista, e não uma solução" para o desarmamento do Iraque. Powell disse que não conhecia detalhes do plano divulgado pela revista alemã, mas ressalvou que ela estava focada numa "questão equivocada". "O importante aqui não é termos mais inspetores. A questão central é o cumprimento (das exigências de desarmamento) por parte de Saddam Hussein", disse Powell. O ministro da Defesa da Rússia, Serguei Ivanov, declarou que apoiará a iniciativa de evitar uma guerra no Iraque. Sem fazer referência ao plano atribuído à França e Alemanha, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou não ver "nenhuma razão" para o lançamento de uma ação militar contra o Iraque. "O resultado do trabalho dos inspetores não nos dá, até aqui, nenhum motivo para que mudemos nossa posição", afirmou Putin, argumentando que uma guerra na região "radicalizaria o mundo islâmico". "Estou certo de que qualquer ação unilateral seria um erro grave."

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