CARACAS- Um plano confidencial da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) publicado ontem pelo jornal venezuelano El Nacional revela que o órgão considera industriais, atacadistas, varejistas e distribuidores de mercadorias como “força opositora” e destacou 24 pelotões para combater o contrabando e ocultação de mercadoria, além de elaborar contra-ataques contra a “guerra econômica” que o chavismo acusa a oposição de fazer para lhe prejudicar.
No texto, a GNB estimula também a ação de “patriotas cooperadores” - chavistas que testemunharem episódios de contrabando e escassez e mercadoria - com o objetivo de delatar comerciantes que estariam agindo fora da lei. Até vendedores ambulantes e outros trabalhadores envolvidos na economia informal, segundo o documento , estariam sujeitos ao escrutínio da GNB.
“A GNB tem o trabalho de vigilância, acompanhamento, fiscalização, supervisão e controle das cadeias de produção, importação, distribuição e armazenamento dos produtos da cesta básica, de caráter estratégico, de interesse nacional e produtos produzidos pelo Estado para evitar seu desvio ou fuga”, diz o documento.
Para facilitar a fiscalização, as 24 equipes da GNB dividiram o país em três zonas de atuação: o centro, a fronteira com a Colômbia e a costa. Enquanto no primeiro o foco é descobrir fraudes na distribuição de alimentos por empresas privadas, nos outros dois o objetivo é evitar o contrabando de comida e combustível, mais baratos na Venezuela em razão do forte desequilíbrio entre o câmbio oficial e o paralelo.
O documento, assinado pelo ministro da Defesa Vladimir Padrino e o comandante da GNB l Gabriel Ramón Oviedo, entrou em vigor depois de o presidente da Assembleia Nacional Diosdado Cabello ter comandado uma blitz da Superintendência de Preços Justos (Sundecop) a uma rede de supermercados no mês passado.
Protesto. Em Caracas, um pequeno ato convocado pelo partido Vontade Popular lembrou o aniversário de um ano da prisão do opositor Leopoldo López. A mulher do antichavista, Lilian Tintori, e outros políticos da oposição, como a ex-deputada Maria Corina Machado. Vestidos de branco, eles pediram a libertação do opositor.
“Depende dos cidadãos alcançarmos uma transição para a democracia em paz”, disse Maria Corina. “Temos força para libertar Leopoldo e os estudantes presos no ano passado”.
Por meio de sua conta no Twitter, o governador de Miranda, Henrique Capriles, lamentou a prisão de López. “Queremos um país onde não existam presos políticos e a Justiça funcione para todos igualmente”, escreveu o opositor. “Hoje, início da quaresma, completa-se um ano da prisão do nosso companheiro Leopoldo López, sequestrado por uma Justiça apodrecida.” / EFE