Pobreza argentina atinge nível recorde

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O sonho de ser um pedaço da Europa na América do Sul é, cada vez mais, parte de um passado que não consegue retornar à Argentina. Segundo o Instituto de Estatísticas e Censos (Indec), a proporção de pessoas pobres na cidade de Buenos Aires e em sua região metropolitana passou de 28,9% da população, em outubro do ano passado, para 32,7% em maio deste ano. Esta é a maior proporção de pobres na Argentina desde as hiperinflações de 1989 e 1990. O Indec afirma que 3,959 milhões de pessoas estão abaixo da linha da pobreza. O número de pessoas indigentes também cresceu, passando de 7,7% da população, em outubro do ano passado, para 10,3%, em maio deste ano. Os argentinos considerados indigentes são as pessoas que não conseguem o mínimo de US$ 63,24 mensais para alimentar-se. Desta forma, 1,247 milhão de argentinos passam fome diariamente nas ruas da capital do país e na Grande Buenos Aires, região onde está concentrada quase a metade da população da Argentina. O ministro do Desenvolvimento Social, Juan Pablo Cafiero, declarou que a situação social do país "é cada vez mais crônica e profunda". Segundo Cafiero, um ministro que está em crescente divergência com a política econômica do presidente Fernando De la Rúa, a situação poderá ser "irreversível" se não forem tomadas medidas urgentes. Em protesto contra o ajuste fiscal do governo federal, que implicou na redução em 13% dos salários dos funcionários públicos e nas aposentadorias acima de US$ 500, foram realizadas hoje manifestações contra o governo do presidente Fernando De la Rúa nas principais cidades do país. No fim da tarde, milhares de pessoas concentraram-se na histórica Praça de Mayo. Ali, na frente da sede do governo, a Casa Rosada, lideranças de organizações de desempregados, pediram a deposição do atual governo. Com esta manifestação, concluíram-se hoje as greves de 72 horas do funcionalismo público, dos professores das escolas públicas e das Universidades em todo o país. No entanto, a greve de professores continuará na província de Buenos Aires, onde concentra-se um terço dos alunos da Argentina.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.