PUBLICIDADE

''Poderei mudar a imagem dos EUA, mas não completamente''

Ele admite que dificilmente teria apoio imediato de França e Alemanha, mas diz que, em sua política externa, ouviria aliados

Por Mike Dorning e global viewpoint
Atualização:

O candidato democrata à presidência dos EUA, Barack Obama, foi entrevistado pelo correspondente do Chicago Tribune, Mike Dorning, após sua viagem de nove dias à Ásia, Oriente Médio e Europa. Ele disse que, como presidente, poderá mudar a imagem dos EUA. Após a viagem, o sr. pode se ver já no papel de presidente justificando as atitudes dos EUA no exterior? Eu me vi nesse papel antes. A viagem permitiu aos americanos ver-me assim também. O sr. poderá mudar a maneira como os EUA são vistos lá fora? Sim. Em quanto tempo? Não acredito que poderia modificá-la completamente. Não acredito que, de repente, apenas pelo fato de eu ser presidente, alemães e franceses estariam ansiosos por enviar suas tropas para a guerra. Mas acho que, em termos de essência e de tom, poderia projetar uma política externa americana que ouça (seus aliados). O sr. sentiu hostilidade em relação aos EUA na viagem? Não há hostilidade, mas frustração por certas escolhas da política americana. Sua viagem foi um gesto presunçoso? Não. Quando John McCain obteve a indicação, ele se encontrou com os mesmos líderes mundiais, fez as mesmas visitas, e, como convinha, foi para o Canadá, o México e a Colômbia, lugares nos quais expôs seu projeto de política externa. Ninguém o acusou de ser presunçoso. Não acho que tenha sido um gesto presunçoso. Qual foi a vantagem política da viagem? Não acho que, no curto prazo, haja vantagem política. Neste momento, as pessoas (nos EUA) estão preocupadas com o preço da gasolina, com o aumento dos preços dos gêneros de primeira necessidade. Assim, passar uma semana no exterior tem seu preço político. Mas, no longo prazo, a viagem talvez faça alguns eleitores se sentirem mais confiantes de que posso realmente funcionar no cenário global. O que faremos no Afeganistão se os europeus não mandarem mais soldados? Faremos o que for necessário combinando nossas tropas com as da Otan, coordenando-as mais eficientemente, trabalhando mais eficientemente no treinamento e na formação de um Exército afegão, e lidando com mais eficiência com o Paquistão, para que feche os refúgios terroristas em suas regiões fronteiriças. Pode haver progresso sem aumento de soldados europeus? Mandaremos mais duas brigadas. Faremos com que o governo afegão colabore de maneira mais efetiva, cuidando da corrupção, do comércio da papoula. E faremos com que o Paquistão se mostre mais alinhado com nossos objetivos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.