Polarização deve marcar 1º turno da eleição

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Por PARIS
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Apesar das divergências nos números, as pesquisas indicam praticamente as mesmas tendências. Duas delas são mais importantes: que no primeiro turno haverá uma polarização entre direita e esquerda, com Sarkozy à frente de Hollande; no segundo turno, porém, a expectativa se reverte - segundo o OpinionWay, o socialista venceria por 55%, contra 45% do presidente, graças à impopularidade de Sarkozy entre eleitores dos demais candidatos."Depois de semanas nas quais se acreditava que seria impossível alcançar Hollande, as curvas se cruzaram e Sarkozy volta a uma situação normal para um presidente em busca da reeleição", analisa o cientista político Pascal Perrineau, do Instituto de Estudos Políticos de Paris. "A mobilidade dos votos começou à direita da direita, no campo de Marine Le Pen. Sarkozy captou uma parte de seus votos, mas o suficiente. No segundo turno, a tendência continua extremamente favorável a Hollande."Outro cientista político, Roland Cayrol, especializado em pesquisas eleitorais, concorda com Perrineau: "É a transferência de votos ao segundo turno que conta mais". Daí vêm as dificuldades de Sarkozy. Em Paris, a sensação entre analistas políticos ouvidos pelo Estado e na população é que a convergência das curvas de intenção de voto torna a eleição de 22 de abril imprevisível - e uma das mais disputadas da história recente da França. Depois do discreto entusiasmo no Partido Socialista, o momento é de receio. O temor é que Sarkozy, um político conhecido por seu talento singular em campanhas eleitorais, consiga pulverizar a vantagem de Hollande, reputado como grande orador, mas hesitante.Agenda. Até aqui, o destaque da campanha tem sido a disputa pela "agenda" da discussão, ou seja, pela imposição do tema dos debates. Enquanto Hollande insiste na política fiscal, acusando o presidente de ter beneficiado as classes mais ricas com isenções de impostos - ampliando a desigualdade social no país -, Sarkozy responde batendo forte na imigração, seguindo a receita que lhe deu a vitória em 2007. Enquanto o socialista defende um total de 75% de impostos sobre salários acima de € 1 milhão ao ano - medida que atingiria 3 mil pessoas -, o direitista promete reduzir em 50% a entrada de imigrantes legais na França, expulsar os ilegais e controlar o corte de carne segundo os ritos muçulmanos, além de estimular o protecionismo econômico. A nova virada à extrema direita de Sarkozy não surpreende apenas na França. Os dois maiores jornais dos EUA publicaram editoriais sobre as eleições francesas nesta semana. Conservador, o Wall Street Journal chamou o atual presidente de "Nicolas Le Pen", em referência à família que lidera o partido xenofóbico francês. Já o New York Times qualificou a campanha do presidente de "desesperada" e "nauseante". / A.N.

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