Polícia acredita ter identificado assassino de Litvinenko

Segundo o jornal The Times, as câmeras de circuito interno de TV instaladas no aeroporto internacional de Heathrow registraram a imagem do suspeito

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Por Agencia Estado
Atualização:

A Polícia britânica acredita ter identificado o homem que teria envenenado o ex-espião russo Alexander Litvinenko com polônio 210 radioativo. Segundo o jornal The Times, as câmeras de circuito interno de TV instaladas no aeroporto internacional de Heathrow, próximo a Londres, registraram a imagem do suspeito quando ele entrava no Reino Unido. Os amigos do ex-espião russo afirmaram que o homem seria um assassino de aluguel do Kremlin que desapareceu poucas horas após administrar uma dose mortal de polônio 210 a Litvinenko. O suspeito chegou à capital britânica com um falso passaporte da União Européia (UE) e teria depositado o veneno em uma xícara de chá que preparou para Litvinenko em um quarto de hotel londrino. Aparentemente, Litvinenko conseguiu fornecer detalhes sobre o assassino aos detetives da Scotland Yard que entrevistaram o ex-espião no University College Hospital, onde o russo foi internado e no qual acabou morrendo em 23 de novembro. Segundo o Times, a Polícia decidiu não publicar as fotos do suposto assassino capturadas pelas câmeras do aeroporto. O jornal descreve o suposto assassino como um homem alto e forte, de trinta e poucos anos, com cabelo preto e curto e feições típicas de alguém de origem da Ásia Central. O suspeito chegou a Londres, segundo acredita-se, no mesmo vôo de Dmitry Kovtun, empresário russo que está sendo investigado atualmente por tráfico de material radioativo relacionado ao complô para assassinar Litvinenko. Segundo Oleg Gordievsky, ex-agente do KGB e amigo de Litvinenko, o suposto assassino teria usado um passaporte lituano ou eslovaco, mas não se registrou com o nome contido no documento em nenhum hotel londrino. O homem teria deixado o Reino Unido com outro passaporte da UE. De acordo com fontes policiais ouvidas pelo jornal, Litvinenko esteve em um aposento do quarto andar do hotel Millenium para tratar de negócios. Foi ali que, com Kovtun e outro ex-espião russo chamado Andrei Lugovoy, se reuniu com uma quarta pessoa, o suposto assassino, que atendia pelo nome de Vladislav. Gordievsky disse ao Times que Vladislav havia se apresentado como alguém que podia ajudar Litvinenko a obter um contrato lucrativo com uma empresa de segurança com base em Moscou. Segundo Litvinenko, o homem lhe preparou uma xícara de chá. Antes de morrer, Litvinenko disse suspeitar que a água da chaleira estava morna e que o polônio 210 teria sido adicionado ao líquido, aquecendo o chá por causa da radiação, de modo que acreditou que estava realmente tomando uma xícara da bebida. A Polícia ainda mantém isolado o quarto do hotel onde Litvinenko acreditava ter sido envenenado. Aparentemente, o local possui a maior concentração de polônio 210 dentre os 12 lugares de Londres onde foram encontrados resíduos do elemento. Lugovoy e Kovtun foram interrogados em dezembro em Moscou pela Scotland Yard, que pediu permissão para voltar à Rússia e continuar a caçada ao suspeito no país. No entanto, as autoridades russas disseram que os agentes britânicos terão que esperar que uma equipe de investigadores russos termine sua própria investigação. Segundo o Times, as autoridades britânicas temem que os investigadores russos usem sua estadia em Londres para perseguir os inimigos do presidente Vladimir Putin que moram no Reino Unido. Muitos ex-executivos da companhia petrolífera Yukos, cujos ativos foram confiscados pelo Kremlin, procuraram asilo no Reino Unido. Até agora, a Justiça britânica rejeitou três pedidos de extradição apresentados pelas autoridades russas. Segundo o jornal britânico, acredita-se que todos eles figuram na lista de pessoas as quais os investigadores russos querem interrogar em relação ao envenenamento de Litvinenko.

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