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Polícia boliviana mata três acusados de suposto atentado contra Evo Morales

Dois dos mortos seriam estrangeiros; outros dois suspeitos foram detidos em Santa Cruz de la Sierra.

Por Marcia Carmo
Atualização:

A polícia boliviana matou, nesta quinta-feira, três homens e prendeu outros dois acusados de preparar um suposto atentado contra o presidente Evo Morales. O episódio ocorreu na cidade de Santa Cruz de la Sierra, bastião da oposição a Morales. Segundo a polícia, os mortos eram de nacionalidades boliviana, irlandesa e romena.Um húngaro e outro boliviano foram detidos. "Eles planejavam atirar contra a gente", afirmou o presidente ao chegar a Cumaná, na Venezuela, onde participa da reunião da Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas). Morales afirmou ter sido informado na quarta-feira de que o grupo planejava "algum atentado", provavelmente contra ele. "Dei, então, ordens aos chefes da polícia para deter estes mercenários", afirmou. Segundo a rádio boliviana Erbol, Morales declarou ainda que, além dele, os alvos eram o vice-presidente, Alvaro García Linera, e o ministro da Presidência, Juan Ramón Quintana. O presidente boliviano responsabilizou a "direita", sem dizer nomes, pela ação que teria sido frustrada por policiais bolivianos. "Primeiro, tentaram me tirar do poder com um golpe, liderado pelas Prefeituras (governos estaduais), e fracassaram. Depois, através do voto, e também fracassaram. Agora contratam mercenários, e também fracassam", afirmou. Denúncias No domingo, quando realizava uma greve de fome pela aprovação da lei eleitoral, Morales disse que, provavelmente, "seus dias estavam contados" e que se alguma coisa acontecesse com ele ou com García Linera, seria "obra da direita fascista". Esta é a quarta vez que o presidente denuncia a organização de um atentado contra ele. Na anterior, em dezembro passado, a denúncia foi feita primeiro pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e mais tarde foi reiterada pelo presidente boliviano. Pouco depois de Morales ter falado na Venezuela, nesta quinta, o vice-presidente, Alvaro García Linera, ressaltou que o plano teria sido organizado por estrangeiros e bolivianos. "Os primeiros documentos que temos (que estariam com os suspeitos) falam de preparativos para um magnicídio. Este grupo terrorista, formado por estrangeiros e alguns bolivianos, não colocou em risco somente a segurança do guia espiritual da Igreja Católica, mas das autoridades do país". Na quarta-feira, bombas foram jogadas na casa do presidente da Conferência Episcopal da Bolívia, cardeal Julio Terrazas, que mora em Santa Cruz de la Sierra. "Show" As declarações de Morales levaram o prefeito (governador) de Santa Cruz, Rubén Costas, da oposição, a acusar o presidente de "fazer um show" para chamar atenção na Alba e na Cúpula das Américas, que será realizada a partir desta sexta-feira em Trinidad e Tobago. "Há indícios de que tudo isso foi montado e preparado pelo governo para justificar seus fantasmas. Uma hora querem matá-lo (Morales), outra, preparam um golpe", afirmou Costas à imprensa local. Assessores do Comitê Santa Cruz, que reúne opositores a Morales, disseram, por sua vez, que existem "muitas perguntas" sobre o episódio. Uma delas, afirmaram, é a respeito dos motivos que levaram a polícia local a não ser informada da ação contra os suspeitos, realizada pelo grupo de elite chamado "Delta", da polícia de La Paz. Identidades Segundo o comandante-geral de Polícia da Bolívia, general Víctor Hugo Escóbar, este grupo de elite chegou a Santa Cruz na véspera para investigar o atentado contra o cardeal. Ele disse ainda que o "grupo de terroristas" era formado por sete pessoas. Até o início da noite de quinta-feira, a identidade dos mortos não tinha sido revelada. O policial afirmou também que o grupo estava em um hotel na parte antiga de Santa Cruz de la Sierra, e que reagiu a tiros ao ver os policiais. "São pessoas treinadas para gerar o caos", disse Escóbar, que afirmou que foram encontrados explosivos e armas em um dos galpões da Fexpocruz - a principal feira de produtos de Santa Cruz, que se realiza em setembro. O general afirmou que estes armamentos poderiam estar ali para serem usados no atentado contra Morales. A imprensa local questionou como a polícia soube da existência destas peças no galpão da feira. No fim do dia, o procurador do Estado, Jorge Gutiérrez, que ouviu os dois presos, em La Paz, disse que um deles é um ex-militar boliviano, Eduardo Roza Flores, com treinamento na Croácia. O outro, afirmou, segundo o site do jornal La Razón, teria nacionalidade húngara e 28 anos de idade, mas não revelou sua identidade. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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