Polícia britânica interroga suspeitos após descobrir veneno

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Por Agencia Estado
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Sete pessoas foram detidas e estão sendo interrogadas em Londres sob suspeita de complô terrorista, após a descoberta de vestígios de um dos venenos vegetais mais poderosos, a ricina, em suas casas. Os detidos, informaram hoje fontes da Scotland Yard, se encontravam em setores das regiões norte e leste da capital britânica ao serem capturados, em 5 de janeiro, depois que os agentes receberam informações dos serviços de inteligência. A polícia disse que "o equipamento e o material" foram encontrados em um endereço em Wood Green, na capital britânica, onde um dos homens foi detido. Uma mulher também havia sido detida, mas foi libertada em seguida, segundo um comunicado da polícia. A ricina, um dos mais letais venenos do reino vegetal - duas vezes mais mortífero do que o veneno de cobra - é uma toxina encontrada nas sementes da mamona. Pode ser inalada, ingerida ou injetada. Não existe antídoto para a substância. Em 1978, essa mesma substância foi usada em um assassinato político ocorrido em Londres. A vítima foi um búlgaro que vivia no exílio, Georgi Markov, que teve o veneno injetado em seu corpo pela ponta de um guarda-chuva especial desenvolvido pela KGB e usado pelo assassino, que nunca foi identificado. "A ricina é um material tóxico que, se ingerido ou inalado, pode ser fatal", afirmou a Scotland Yard. "Dissemos anteriormente que Londres e o restante da Grã-Bretanha continuam a enfrentar uma amplitude de ameaças terroristas, por parte de diferentes grupos", prosseguiu. Acrescentou que está trabalhando no caso ao lado de funcionários dos serviços de saúde. Em um comunicado conjunto divulgado nesta terça-feira, o chefe do setor antiterrorista da polícia, David Veness, e o sub-chefe do serviço médico, Pat Troop, disseram que o material foi examinado nos laboratórios da indústria estatal de armas químicas em Porton Down, no sul da Inglaterra, e o resultado foi positivo em relação à presença da toxina. Se houver mais novidades sobre o caso, assegurou o governo britânico, "o público será imediatamente informado". Funcionários dos EUA disseram em agosto que o grupo extremista islâmico Ansar al-Islam testou a ricina junto com outros agentes químicos e biológicos no norte do Iraque - em território controlado pelos curdos, e não pelo presidente Saddam Hussein. Os inspetores de armas das Nações Unidas que deixaram o Iraque em 1998 listaram a ricina entre os venenos que acreditavam que Saddam havia produzido e, mais tarde, descartado. A ricina foi detectada nas sementes da mamona no fim do século XIX. Há cerca de 10 anos, o Departamento de Agricultura dos EUA começou a realizar pesquisas visando a remover a toxina da planta. A mamona tem amplo uso civil - da lubrificação de motores de alta rotação à fabricação de tintas, vernizes e plásticos e também como purgativo, usando-se o óleo de rícino. A ricina, no entanto, não está presente em qualquer derivado da indústria alimentícia, uma vez que permanece nos restos da extração do óleo.

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