Polícia de Nova York espionou ativistas, diz jornal

Pessoas planejavam manifestações durante a convenção nacional dos republicanos em 2004, segundo a edição de domingo do jornal The New York Times

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Por Agencia Estado
Atualização:

Agentes disfarçados da Polícia de Nova York viajaram para várias cidades dos Estados Unidos, do Canadá e da Europa para espionar ativistas que planejavam manifestações durante a convenção nacional dos republicanos em 2004, segundo a edição deste domingo do jornal The New York Times. Em cidades como Albuquerque, Montreal, San Francisco e Miami, os agentes disfarçados se infiltraram em reuniões de grupos políticos, fazendo-se passar por ativistas ou simpatizantes da causa, segundo documentos policiais e entrevistas realizadas pelo jornal. O objetivo do chamado "Esquadrão de inteligência sobre a Convenção Republicana" era que os agentes identificassem possíveis ameaças à convenção nacional, na qual os ativistas do partido apoiariam a reeleição do presidente, George W. Bush, no pleito de 2004. Além de compartilhar informação com outras agências policiais, os agentes viajaram para pelo menos 15 estados, entre eles Califórnia, Connecticut, Flórida, Geórgia, Illinois, Massachusetts, Michigan, New Hampshire, Novo México, Oregon, Tennessee, Texas e para a capital americana, Washigton DC. Também viajaram para Montreal e para cidades européias. Os agentes "faziam amizades, compartilhavam refeições, trocavam mensagens eletrônicas e, depois, entregavam relatórios diariamente" sobre as atividades dos grupos, enquanto outros monitoravam páginas e conversas na internet, segundo o jornal. Dessa forma, os agentes identificaram "alguns grupos e indivíduos que expressaram interesse em criar distúrbios durante a convenção, e indivíduos que utilizaram sites da internet para fomentar ou prever atos de violência", acrescentou o New York Times. No entanto, "pessoas que não tinham intenções aparentes de violar a lei" também caíram nas redes da operação policial, como artistas, atores, ambientalistas, religiosos e pacifistas, segundo documentos oficiais e outros secretos revisados pelo jornal. Algumas das informações se tornaram públicas graças a várias ações em tribunais federais contra a polícia devido a detenções maciças de ativistas durante a convenção política de 2004. Na lista figuraram, inclusive, três funcionários eleitos da cidade de Nova York, segundo dados que também foram compartilhados com departamentos policiais de outras cidades. Em entrevista ao jornal, o porta-voz da polícia de Nova York, Paul Browne, explicou que a operação era um elemento-chave das preparações para receber as grandes massas que viajariam a Nova York para a convenção. A União de Liberdades Civis de Nova York disse que pensa em entrar com um processo contra a polícia da cidade, por considerar que a instituição não tem autoridade para espionar atividades políticas legais.

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