PUBLICIDADE

Polícia dispersa com violência protestos pró-democracia no Cairo

Na última semana, mais de 250 pessoas foram presas durante manifestações

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar de críticas de seu aliado próximo, os Estados Unidos, a polícia egípcia agrediu nesta quinta-feira, pela segunda semana consecutiva, militantes pró-reformas nas ruas do Cairo e prendeu mais de 300, enquanto tribunais aplicaram novos reveses às esperanças de mais democracia no país. Enquanto a polícia caçava com cassetetes ativistas no centro da capital do Egito, um tribunal rejeitava a apelação do proeminente líder opositor Ayman Nour, de 41 anos, que ficou em segundo lugar nas eleições presidenciais do ano passado. A decisão final obrigará Nour a cumprir uma sentença de cinco anos por acusação de forjar assinaturas para inscrever seu partido, uma acusação que ele denuncia como sendo uma tentativa de eliminá-lo da vida política. Outro tribunal emitiu uma reprimenda contra Hesham el-Bastawisy, um juiz da mais alta corte egípcia que denunciou publicamente a fraude nas eleições parlamentares monitoradas pelos juízes em novembro e dezembro. Um segundo juiz foi absolvido pela corte disciplinar. Os eventos do dia foram mais um duro golpe às já débeis esperanças de que o Egito pudesse se tornar a pedra de toque da pressão dos EUA por maior democracia no Oriente Médio. Para o movimento reformista do Egito, a violência e as decisões dos tribunais apenas alimentam a crença de que o presidente Hosni Mubarak não cumprirá promessas democráticas. O julgamento de Nour estremeceu as relações do Egito com os EUA, e Washington havia pedido que seu caso fosse reconsiderado depois de sua condenação em dezembro. Protestos na semana passada contra o julgamento dos juízes já haviam sido dispersados à força pela polícia, e mais de 250 pessoas foram presas. Nesta quinta-feira, tropas de choque da polícia isolaram várias ruas do Cairo que levam ao prédio onde os tribunais julgavam separadamente os dois casos. Policiais, tanto a paisana quanto uniformizados, perseguiam com bastões ativistas que tentavam se reunir, muitos deles integrantes do movimento pró-reforma Kifaya e da Irmandade Muçulmana. O Ministério do Interior informou que foram detidas 314 pessoas - a maioria integrantes da Irmandade. Mas legisladores do movimento islâmico afirmaram que mais de 500 de seus membros foram presos. A Irmandade teve um surpreendente desempenho nas eleições de novembro e dezembro, apesar das denúncias de fraude e de a polícia ter impedido, em alguns casos a tiros, que eleitores em regiões consideradas bastiões do movimento chegassem às urnas. Depois, Mubarak postergou indefinidamente eleições municipais, aparentemente para evitar que a Irmandade obtivesse ganhos, e estendeu leis de emergência que havia prometido suspender.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.