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Polícia dos EUA alerta que milícia planeja invadir o Capitólio em 4 de março

Alerta ocorre quase dois meses após ataque de extremistas ao Congresso; apoiadores da teoria conspiratória do grupo QAnon divulgaram que esse dia, antiga data de posse dos presidentes nos EUA, seria uma oportunidade para o retorno de Trump

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - A força policial encarregada da segurança do Congresso dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira, 3, que reforçou a segurança em Washington depois que os serviços de inteligência descobriram uma "possível conspiração para invadir" o Capitólio na quinta-feira 4.

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"Recebemos informações (da inteligência) mostrando uma possível conspiração por uma milícia identificada para invadir o Capitólio na quinta-feira 4 de março", informou a polícia do Capitólio em um comunicado no Twitter.

Este alerta ocorre quase dois meses após um ataque de extremistas pró-Donald Trump, presidente na época, contra o Congresso americano. "Já realizamos grandes melhorias de segurança" após o ataque de 6 de janeiro, acrescentou a força.

Funcionárias do Congresso americano passam por acesso exclusivo; segurança reforçada Foto: Eric Baradat/AFP

Além disso, a segurança do Capitólio acrescentou que está "alerta e preparada para qualquer ameaça potencial aos membros do Congresso ou ao complexo do Capitólio".  E apontou que leva "muito a sério" os relatórios da inteligência e que está trabalhando com as forças locais, estaduais e federais para "impedir qualquer ameaça", embora tenha evitado aprofundar os detalhes.

O FBI e o Departamento de Segurança Nacional consideraram a ameaça suficientemente grave para emitir um boletim conjunto alertando para possíveis distúrbios em 4 e 6 de março.

Funcionários da Câmara dos Deputados informaram que os membros da Casa não comparecerão ao plenário na quinta-feira. A votação prevista sobre um projeto de reforma da polícia e outro sobre os direitos foi antecipada para esta noite. 

Na terça-feira à noite, a polícia do Capitólio informou que foi alertada sobre "preocupantes informações relacionadas ao dia 4 de março" e tomou medidas "imediatas" para reforçar a segurança.

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O chefe dos serviços de protocolo e segurança no Congresso, Timothy Blodgett (o Sargento de Armas interino), enviou uma mensagem aos congressistas na segunda-feira informando-os que estava trabalhando de perto com a polícia para monitorar a informação "relacionada ao 4 de março e às possíveis manifestações em torno do que alguns chamam de 'o verdadeiro dia da posse'".

No entanto, "a importância desta data aparentemente diminuiu entre diferentes grupos nos últimos dias", destacou em um e-mail publicado pela imprensa americana. Até 1933, os presidentes americanos tomavam posse em 4 de março, e não em 20 de janeiro como ocorre atualmente.

Membros da Guarda Nacional da Virgínia caminham pelos arredores do Capitólio em Washington, nos EUA. Foto: Joe Raedle / Getty Images / AFP Foto:

Durante a presidência de Trump, apoiadores da teoria conspiratória do grupo QAnon começaram a divulgar que o dia 4 de março seria a próxima oportunidade para o retorno de Trump. Não há evidências de que isso vá acontecer. 

Membros autoproclamados da organização QAnon estiveram entre os participantes do ataque de 6 de janeiro, que protestavam contra uma suposta fraude na eleição presidencial na qual Trump foi derrotado pelo presidente democrata, Joe Biden

Cinco pessoas, incluindo um policial do Capitólio, foram mortas durante o ataque. Mais de 270 pessoas estão sendo investigadas por participação na invasão, de acordo com o FBI.

Mobilização nas redes 

Houve um declínio perceptível na atividade online em algumas plataformas de mídia social em torno dos esforços para uma ação no dia 4, que já despertava consideravelmente menos interações online do que nas vésperas do ataque do dia 6 de janeiro.

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Além disso, milhares de contas que promoveram o evento de 6 de janeiro foram suspensas por grandes empresas de tecnologia como Facebook e Twitter, tornando muito mais difícil para a QAnon e grupos de extrema direita organizar um repetição do que houve naquele dia.

O Twitter baniu mais de 70 mil contas após os distúrbios, enquanto o Facebook e o Instagram removeram postagens que mencionavam a a frase "pare com o roubo", um grito de guerra pró-Trump usado para mobilizar seus apoiadores em janeiro. 

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A plataforma conservadora de mídia social Parler, à qual muitos apoiadores de Trump se juntaram para promover falsas teorias de conspiração de fraude eleitoral e encorajar amigos a "invadir" o Capitólio, foi expulsa da internet.

A Polícia do Capitólio diz que aumentou a segurança em torno do complexo desde a insurreição, acrescentando medidas de segurança física, como a cerca coberta com arame farpado ao redor do prédio e a presença de membros da Guarda Nacional no local. A grande barreira em torno do complexo bloqueia todas as avenidas que dão acesso a ele e as ruas ao redor.

Diárias mais caras

Embora não haja evidências de que o ex-presidente republicano possa voltar ao poder nesses dias, o Trump International Hotel de Washington parece disposto a tirar proveito da desinformação.

As diárias anunciadas no site do hotel de propriedade de Trump custavam US$ 1.331 para as noites de quarta e quinta, quase o triplo do valor de US$ 476 a diária de sábado até o fim de março.

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As maiores ameaças 

Acusado de "incitar à insurreição" por ter instado seus apoiadores a marchar até a sede do Congresso, Trump foi absolvido pelo Senado em 13 de fevereiro. O ex-presidente nunca aceitou o resultado das eleições, alegando fraude, embora não tenha apresentado quaisquer evidências.

O ataque ao Capitólio gerou uma polêmica nacional sobre a falta de preparo das forças de segurança, que está sendo investigada pelo Congresso. O diretor do FBI, Cristopher Wray, defendeu na terça-feira no Congresso a ação da polícia federal diante do atentado.

Em outra audiência perante os legisladores, o general William Walker, chefe da Guarda Nacional em Washington, afirmou nesta quarta-feira, 3, que o Pentágono levou 3 horas e 19 minutos para autorizar o envio de tropas solicitadas pelo chefe da Polícia do Capitólio quando se viu sobrecarregado com os manifestantes.

Na mesma audiência no Senado, Jill Sanborn, um alto funcionário do FBI encarregado de combater o terrorismo, disse que "extremistas violentos inspirados em causas raciais ou étnicas, anti-governo ou anti-autoridade, assim como outros extremistas domésticos que defendem causas políticas, representam provavelmente as maiores ameaças de terrorismo doméstico de 2021 e, sem dúvida, de 2022"./AFP e AP 

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