Polícia falsificou provas no caso Jean Charles, diz jornal

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Por Agencia Estado
Atualização:

Vários policiais que vigiaram o brasileiro Jean Charles de Menezes, morto em Londres por agentes que o confundiram com um terrorista, falsificaram provas para ocultar os erros que causaram a execução, publica hoje o jornal britânico News of the World. O jornal sensacionalista afirma que essas acusações estão incluídas no relatório da chamada Comissão Independente de Queixas à Polícia (IPCC), que averiguou as circunstâncias que cercaram a morte de Jean Charles. O relatório, enviado há dez dias à Promotoria britânica, indica que um diário que detalha os últimos movimentos do brasileiro, um eletricista de 27 anos, foi alterado por agentes da Brigada Especial da Scotland Yard. Jean Charles foi executado em 22 de julho na estação de metrô de Stockwell (sul de Londres), ao ser confundido com um dos autores dos fracassados atentados da véspera contra três estações de metrô e um ônibus da capital. Segundo o documento, agentes à paisana que exerceram trabalhos de vigilância na operação mudaram a redação do diário para ocultar o fato de que identificaram erradamente o brasileiro como um dos terroristas dos ataques de 21 de julho. Um dos membros da Brigada Especial informou que Jean Charles era o suposto terrorista Hussein Osman, um dos indivíduos diretamente envolvidos nos fracassados atentados, de modo que o diário registrou em princípio a frase "era Osman" para referir-se a essa circunstância. Mas quando a Scotland Yard admitiu que tinha matado um homem inocente, essa frase foi substituída pelas palavras "e não era Osman", dando a entender que o suspeito não tinha sido identificado. O relatório da IPCC foi entregue no último dia 19 à Promotoria, que deve decidir se apresenta acusações contra os agentes envolvidos, à Polícia e ao Ministério do Interior, mas os parentes do eletricista não tiveram acesso ao documento. Alex Pereira, primo de Jean Charles, afirnmou que "a família está pedindo a entrega do relatório", de modo que possa "lê-lo e dar outro passo" para exigir uma investigação pública dos atos. Em sua versão inicial da morte do brasileiro, o comissário-chefe da Scotland Yard, Ian Blair, disse que o eletricista tinha desobedecido às ordens dos agentes, e sua atitude e roupas tinham levantado suspeitas. Comprovou-se depois que o jovem foi morto quando estava sentado em um vagão, por isso a família de Jean Charles acusou Blair de "mentir" e reivindicou sua demissão.

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