França busca outro terrorista foragido

Suspeito seria o nono integrante do grupo de jihadistas que matou 129 pessoas em Paris

PUBLICIDADE

Por Andrei Netto , CORRESPONDENTE e PARIS
Atualização:

A polícia da França descobriu nesta terça-feira, quatro dias depois dos atentados que deixaram 129 mortos em Paris, que pelo menos mais um terrorista que participou dos ataques está foragido. Ainda não identificado, o homem é o segundo extremista que conseguiu fugir após atacar.

PUBLICIDADE

O suspeito, nono integrante do comando que agiu em Paris e Seine Saint-Denis, teria participado de pelo menos uma ação, na Rue de Charonne, onde 15 pessoas morreram. Um vídeo gravado por testemunha indica que dois homens atiravam, enquanto um terceiro dirigia o veículo.

O primeiro fugitivo já identificado é Salah Abdeslam, um dos organizadores dos ataques. A polícia descobriu nesta terça-feira um novo veículo alugado pelo assassino na Bélgica – o terceiro usado nos atentados –, além de um apartamento na cidade de Bobigny e dois quartos em um hotel da cidade de Alfortville, ambas na periferia de Paris.

Os imóveis teriam sido usados para preparar as ações. As polícias e serviços secretos da França e da Bélgica estão convencidas de que Abdeslam está escondido em território belga, já que na última vez em que ele foi visto pela polícia, estava na cidade de Cambrai, no norte da França, a caminho do país vizinho.

Abdeslam não foi preso na ocasião porque sua identidade como terrorista ainda não era conhecida. No mesmo veículo, estavam outros dois homens, Mohamed Amri e Hamza Attou, amigos do jihadista, que foram chamados por ele a Paris para buscá-lo e levá-lo de volta à Bélgica, onde morava. Amri e Attou estão presos e responderão a processos por cumplicidade de crime de terrorismo.

Recrutamento. O ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, recusou-se nesta terça-feira a admitir que tenha havido falha dos serviços secretos e da polícia no monitoramento prévio e na prisão dos terroristas. “A maior parte dos que se implicaram nesse atentado eram desconhecidos dos nossos serviços”, argumentou.

Em busca dos dois foragidos, dezenas de bloqueios foram espalhados em estradas e fronteiras de toda a França. Entre o domingo e a manhã de ontem, 283 operações policiais em todo o país foram realizadas, valendo-se do estado de emergência decretado pelo presidente François Hollande.

Publicidade

Quanto às conexões entre os três comandos terroristas de Paris com o Estado Islâmico, o Ministério do Interior francês informou nesta terça-feira que suspeita de que o áudio de reivindicação dos atentados da sexta-feira tenha sido gravado por um jihadista francês, Fabien Clain, de 35 anos, natural de Toulouse, no sul da França, onde se converteu ao islamismo. A gravação, de dois minutos e 40 segundos, foi feita em francês.

Clain é considerado um dos europeus que exercem funções “dirigentes” no Estado Islâmico na Síria e no Iraque, mais uma vez provando a importância crescente dos combatentes estrangeiros nas fileiras do grupo terrorista. Segundo os serviços secretos, são 480 combatentes franceses, dentre os mais de 5 mil europeus que aderiram ao grupo extremista.

Identificação. Além de Clain, o suposto mentor dos atentados de Paris, o belga de origem marroquina Abdelhamid Abaaoud, de 28 anos, é outro europeu com papel central nos ataques. Abaaoud estava sendo “monitorado” por países ocidentais que planejavam matá-lo em um ataque aéreo, mas que perderam sua pista há algumas semanas, segundo informou ontem o jornal americano Wall Street Journal.

Abaaoud havia sido condenado em julho, à revelia, por um tribunal belga, apesar de seu paradeiro ser desconhecido. Seu crime, de acordo com a Justiça, foi o de facilitar o recrutamento de combatentes para as fileiras da guerra na Síria, entre 2011 e 2014.

Todos os cinco terroristas já identificados – Salah Abdeslam, seu irmão Brahim Abdeslam, Bilal Hadfi, Ismael Mostefai e Samy Amimour – tiveram passagens por campos de treinamento do grupo radical na Síria.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.