Protestos fazem Paris virar praça de guerra; mais de 270 são presos e ao menos 110 ficam feridos

Polícia disparou gás lacrimogêneo, granadas de efeito moral e canhões de água contra manifestantes, que protestam contra o aumento no preço dos combustíveis e a perda de poder aquisitivo; marchas reuniram 75 mil pessoas em todo o país

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Atualização:

PARIS - Paris se tornou neste sábado, 1.º, uma praça de guerra. A polícia francesa disparou gás lacrimogêneo, granadas de efeito moral e canhões de água contra manifestantes que tentaram romper os cordões de segurança na Avenida Champs-Elysées. O Arco do Triunfo foi tomado por uma nuvem de fumaça. Mais de 270 pessoas foram presas e ao menos 110 ficaram feridas nos confrontos, segundo a imprensa local. Os franceses protestam contra o aumento no preço dos combustíveis e a perda de poder aquisitivo da população.

Os protestos se tornaram o mais novo desafio do presidente da França, Emmanuel Macron Foto: Kamil Zihnioglu / AP

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Em todo o país, as manifestações reuniram 75 mil pessoas, segundo estimativa do primeiro-ministro, Édouard Philippe. O movimento, que começou no dia 17 de novembro, tem como símbolo o “colete amarelo”, que é uma peça usada para que os motoristas fiquem mais visíveis em caso de emergências em estradas.

Os protestos se tornaram o mais novo desafio do presidente da França, Emmanuel Macron, que luta para retomar sua popularidade. Desconcertado, seu governo não consegue dialogar com representantes do movimento, que nasceu nas redes sociais, desvinculado de qualquer comando político ou sindical.

Em todo o país, as manifestações reuniram 75 mil pessoas, segundo estimativa do primeiro-ministro, Édouard Philippe Foto: Stephane Mahe / Reuters

Em Buenos Aires, onde participa da cúpula do G-20, Macron tentou acalmar a situação, prometendo anunciar medidas para limitar o impacto dos impostos sobre o combustível. O presidente francês, no entanto, garantiu que não “haverá volta atrás” com relação ao preço da gasolina.

"Nenhuma causa justifica que as forças de ordem sejam atacadas, que lojas sejam saqueadas, que pedestres ou jornalistas sejam ameaçados, que o Arco do Triunfo seja sujo", criticou Macron. "Os responsáveis por esta violência não querem mudanças, não querem melhorar nada, querem o caos. Traem as causas a que pretendem servir e que manipulam. Serão identificados e responsabilizados por seus atos ante a Justiça", assinalou o presidente, que convocou uma "reunião interministerial" com os serviços competentes para segunda-feira, quando estará de volta a Paris.

Confronto

O ministro do Interior, Christophe Castaner, denunciou no Twitter a presença de "1,5 mil desordeiros (...) que vieram para criar confusão". A polícia, mobilizada em grande número para evitar os confrontos que já haviam ocorrido durante a manifestação de 24 de novembro, repeliam aqueles que tentam promover "quebra-quebra", acrescentou o ministro.

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Os manifestantes que vieram pacificamente para protestar com o "colete amarelo" fluorescente, foram pegos no fogo cruzado na avenida. Entre eles, estava Chantal, uma aposentada de 61 anos que tentava evitar se aproximar da confusão. "Fomos informados que havia desordeiros à frente". Para ela, "ele (Macron) deve descer de seu pedestal, entender que o problema não é o imposto, é o poder de compra. Todo mês eu tenho que mexer na minha poupança".

O acesso de pedestres à avenida estava sendo controlado, com verificações de identidade e buscas, e painéis de madeira foram afixados em algumas vitrines. Cerca de 5 mil agentes foram mobilizados na capital. / AFP, REUTERS e AP

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