Polícia palestina abafa protesto contra captura de jornalista

Cerca de 200 profissionais se encontraram em frente ao Parlamento para exigir um resultado para o caso do repórter da BBC seqüestrado há um mês em Gaza

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Por Agencia Estado
Atualização:

Efetivos da Polícia palestina dissolveram nesta terça-feira, 17, com uso da força, uma marcha de solidariedade por Alan Johnston, o jornalista da rede BBC seqüestrado há mais de um mês na Cidade de Gaza, informaram testemunhas. Pelo menos um cinegrafista e um repórter ficaram levemente feridos quando os agentes bateram com o cano de suas armas nos jornalistas que tentaram entrar na sede do Conselho Legislativo Palestino (Parlamento) durante uma sessão plenária. Cerca de 200 jornalistas se encontraram no lado de fora do prédio e foram impedidos de entrar para conversar com os parlamentares sobre o caso. Com a medida, a imprensa na Faixa de Gaza pretendia chamar a atenção para a situação de Johnston, de 44 anos, seqüestrado há mais de um mês. Nos últimos dias surgiram rumores de que teria sido executado. Com gritos de "Libertem Alan, libertem Alan", dezenas de jornalistas seguiram nesta terça pelas ruas de Gaza em direção ao Parlamento. Depois, argumentaram que os deputados deveriam "abandonar a Câmara ou resolver o assunto". Os jornalistas também questionaram o novo plano elaborado pelo Ministério do Interior para restabelecer a segurança nas ruas da Cisjordânia e de Gaza. Boicote Após a violenta dissolução da manifestação, o Sindicato de Jornalistas Palestinos decidiu boicotar as notícias relacionadas com as instituições do governo, do Parlamento ou da Presidência. O Comitê de Proteção aos Jornalistas, ligado ao sindicato, exigiu que os profissionais de comunicação não cubram as atividades da Autoridade Nacional Palestina (ANP) até que os policiais responsáveis por bater nos jornalistas sejam levados à Justiça. O funcionário da sede da BBC em Gaza Fayed Abu Shamala disse não ter recebido nenhum comunicado oficial sobre a situação de Johnston, desaparecido desde 12 de março. Na última segunda-feira, 16, jornalistas de diversos países protestaram pelo jornalista. Em Beirute, jornalistas libaneses e estrangeiros, entre eles o secretário-geral da Repórteres sem Fronteiras, Robert Menard, se reuniram diante da sede do sindicato de imprensa com fotos do jornalista seqüestrado e cartazes. Alan Johnston, de origem escocesa, ingressou no serviço mundial de notícias da "BBC" em 1991 e durante oito anos foi correspondente em países como Uzbequistão e Afeganistão. Durante os três últimos anos, o repórter viveu e trabalhou em Gaza, local que deixaria no final de março.

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