Polícia prende 819 em ´Dia do Jovem Combatente´ no Chile

Jovens protestaram contra atraso nas mudanças na educação e ineficiência dos transportes atirando pedras e coquetéis Molotov nos policiais, em Santiago

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Por Agencia Estado
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Nas últimas 24 horas, 819 manifestantes foram presos por protestos durante a comemoração do "Dia do Jovem Combatente", em Santiago, capital do Chile. A informação, divulgada nesta sexta-feira, 30, é do subsecretário de Interior do Chile, Felipe Harboe. Desde a última quinta-feira, grupos de jovens encapuzados, principalmente estudantes secundaristas, entraram em confronto com a polícia no centro da capital chilena. A comemoração é promovida anualmente por setores de esquerda. De acordo com o subsecretário, mais de 60% dentre as pessoas detidas são menores de idade. "Se transformou no dia do jovem delinqüente. Sem dúvida é um fato inaceitável, e o governo deverá cobrar os pais destes jovens pelo estrago que eles promoveram", afirmou. Os jovens, que disseram estar protestando por atrasos nas mudanças na educação e por problemas em um novo sistema de transportes na capital, atiraram pedras, paus e bombas Molotov nos policiais. Por sua vez, os guardas tentaram reprimir a manifestação com jatos de água e bombas de gás lacrimogêneo. Segundo dados do ministério do Interior, desde às 21 horas da última quinta-feira (1 hora da manhã desta sexta, em Brasília), jovens da periferia de Santiago construíram barricadas incendiárias, saquearam lojas e atiraram contra a polícia. "Essas pessoas foram detidas por porte ilegal de armas, roubo e danos à propriedade pública e privada", afirmou. A governadora de Santiago, Adriana Delpiano, afirmou que dentre os detidos em todo o país, 603 estavam na capital chilena. Destes, apenas 39 tinham mais de 16 anos. Focos de distúrbio Jornais de Santiago destacaram nesta sexta os estragos provocados pelos jovens. A juíza Ana Gloria Chevesic, da Corte de Apelações de Santiago, teve seu carro apedrejado. Para se proteger da onda de violência, ela teve que se refugiar dentro de um edifício até a polícia chegar. Um dos maiores incidentes ocorreu em um bairro industrial do distrito de La Granja, onde um grupo invadiu um supermercado. O segurança do local levou um tiro na perna ao tentar conter o grupo. No distrito de Ñuñoa, uma fábrica de roupas foi palco de uma ação semelhante. Segundo testemunhas, jovens com idades entre 15 e 20 anos queimaram um carro depois que fracassou a tentativa de resgatar um dos manifestantes da polícia. Na mesma região, foram saqueados uma oficina mecânica e um estabelecimento comercial. Em Pundahuel, também na capital chilena, um outro supermercado também foi invadido por cerca de 50 rebeldes, dos quais apenas 4 foram presos. Um ônibus também foi incendiado depois que os manifestantes ameaçaram com armas os passageiros e o motorista, que foram obrigados a descer. Várias universidades de Santiago fecharam suas portas na quinta-feira para prevenir incidentes no "Dia do Jovem Combatente". A data rememora a morte dos irmãos e militantes de um grupo guerrilheiro, os jovens Eduardo e Rafael Vergara Toledo, mortos por agentes policiais em 1985, durante a ditadura de Augusto Pinochet. Matéria ampliada às15h05 para acréscimo de informações

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