Polícia russa prende 10 por assassinato de jornalista

Procurador afirma que morte de Anna Politkovskaya foi tramada fora da Rússia para prejudicar imagem de Putin

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Por EFE , REUTERS e NYT E AP
Atualização:

Moscou - A Justiça russa anunciou ontem a prisão de dez pessoas por envolvimento no assassinato da jornalista Anna Politkovskaya, entre eles vários policiais, um agente do serviço secreto e um líder checheno. Embora não tenha identificado os detidos, o procurador-geral da Rússia, Yuri Chaika, afirmou que a morte da jornalista teria sido planejada fora do país com o objetivo de prejudicar a imagem do presidente Vladimir Putin. Politkovskaya, uma dura crítica de Putin, foi assassinada quando voltava para sua casa em Moscou em 7 de outubro, com um tiro no peito e outro na cabeça. O assassinato foi cometido na época em que ela trabalhava num artigo sobre seqüestros, assassinatos e torturas na Chechênia. O material foi publicado de forma póstuma por seus colegas, cinco dias após sua morte. Outro assassinato ligado à morte de Politkovskaya foi o do ex-agente da KGB Alexander Litvinenko. Em novembro, pouco antes de morrer envenenado com polônio, Litvinenko, que investigava a morte da jornalista, acusou Putin de envolvimento no caso e em seu envenenamento. O mentor do assassinato de Politkovskaya, de acordo com o procurador-geral russo, seria um checheno chefe de um grupo criminoso moscovita especializado em assassinatos por encomenda. As autoridades russas confirmaram ainda que entre os detidos estão cinco policiais aposentados e um membro do Serviço Federal de Segurança, a FSB, antiga KGB. O serviço secreto russo confirmou que o tenente-coronel Pavel Riaguzov foi preso como suspeito do caso. "Foram detidos todos os envolvidos no crime, desde os que ajudaram até os que o executaram", disse Chaika. Ao dizer que o assassinato de Politkovskaya foi tramado em outro país, o procurador-geral deu a entender que suas suspeitas recaíam sobre o bilionário Boris Berezovski, ex-aliado do Kremlin que vive na Grã-Bretanha e tornou-se um dos maiores opositores de Putin. "Pessoas que se escondem da Justiça russa têm tramado planos para criar um movimento anti-Rússia em todo o mundo", afirmou Chaika, que deixou no ar ainda a possibilidade de que as pessoas detidas também estivessem envolvidas no assassinato, em 2004, do jornalista americano Paul Klebnikov, que comandava a edição russa da revista Forbes. A Repórteres Sem Fronteiras, organização internacional de defesa da liberdade de imprensa, criticou a conclusão das investigações. "Ao contrário do que o procurador-geral diz, há muita gente dentro da Rússia que estava interessada em silenciar Politkovskaya." O Comitê de Proteção aos Jornalistas, com sede em Nova York, lembrou que desde que Putin assumiu o poder, em 2000, 13 jornalistas foram assassinados na Rússia sem que ninguém tenha sido preso.

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