Policial branco mata homem negro durante abordagem de trânsito no Estado de Minnesota

Philando Castile, de 32 anos, foi alvejado dentro de seu carro na noite de quarta-feira; caso ocorreu horas depois de o Departamento de Justiça anunciar que investigará caso semelhante na Louisiana

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Por Redação
Atualização:

WASHINGTON - Um homem negro de 32 anos foi morto na noite de quarta-feira, 6, pela polícia do Estado de Minnesota depois de ser parado em uma abordagem de trânsito no subúrbio deSt. Paul. O episódio foi registrado em vídeo e transmitido ao vivo no Facebook pela namorada da vítima, que também estava no veículo.

Foi o segundo caso de um negro morto por policiais nesta semana que foi registrado em vídeo. O episódio em Minnesota fez com que dezenas de pessoas se concentrassem nesta quinta-feira, 7, nas ruas de Falcon Heights para protestar em razão morte de Philando Castile.

Polícia de em Minnesota avalia carro de Philando Castile, morto horas em abordagem de trânsito Foto: Leila Navidi/Star Tribune via AP

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O vídeo que a namorada de Castile, Diamond Reynolds, transmitiu ao vivo em sua conta no Facebook, mostra ela sentada no banco do passageiro de um veículo com o namorado, ainda vivo, no assento do motorista. Nas imagens, a camiseta branca dele está bastante manchada de sangue.

Diamond explica que Castile estava pegando a carteira para mostrar sua identidade e o documento do carro ao agente e avisou que estava com uma arma de fogo porque tinha licença para portá-la. Depois, o policial teria ordenado que ele levasse as mãos à cabeça. Então, segundo a versão da namorada de Castile, o agente fez "quatro ou cinco" disparos.

As imagens mostram as mãos de um agente, visivelmente nervoso, apontando uma arma para Castile, que permanece no interior do veículo em silêncio, com o cinto de segurança e com o tronco do corpo para trás, enquanto agoniza.

Parentes da vítima exigiram justiça em entrevista na manhã desta quinta-feira à emissora CNN. Um tio de Castile afirmou que os policiais, que deveriam proteger os americanos, se tornaram os "executores, juízes e assassinos".

Depois de assistir as imagens da transmissão pela web, ele afirmou que era possível ver "um jovem rapaz baleado, aparentemente sem motivos, e sem ajuda". "Foi a coisa mais horrível que já vi em toda minha vida."

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Veja abaixo o vídeo gravado pela namorada de Castile (ATENÇÃO, IMAGENS FORTES!)

A mãe da vítima, Valerie Castile, afirmou que ensinou seu filho a ser extremamente cautelosos quando se deparasse agentes da lei. "Se você for parado pela polícia, obedeça", disse Valerie. "Obedeça, obedeça, obedeça."

"Meu filho era um cidadão que cumpria as leis e não fez nada errado. Ele não é um bandido", disse Valerie. "Eu acho que ele era apenas negro no lugar errado."

O Departamento de Justiça dos EUA afirmou nesta quinta-feira que já tomou ciência da morte de Philando Castile e está "avaliar a situação". Ainda não está claro se o Departamento abrirá uma investigação formal para avaliar se o policial usou ou não de força excessiva.

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Recorrência. A morte de Castile aconteceu no mesmo dia em que o governo dos EUA anunciou que vai investigar a morte de Alton Sterling, um homem negro de 37 anos, que faleceu na terça-feira em Baton Rouge, no Estado da Louisiana, após uma briga com dois policiais brancos, incidente que também foi filmado e provocou vários protestos.

A divisão de direitos civis do Departamento de Justiça, encarregada de investigar crimes raciais, e o FBI vão conduzir o inquérito, anunciou em entrevista coletiva o governador da Louisiana, o democrata John Bel Edwards.

"Eu tenho preocupações muito sérias, o vídeo é preocupante para dizer o mínimo", ressaltou o governador, falando sobre as imagens gravadas com um telefone celular, onde um dos agentes aparece tirar algo que parece ser uma pistola e coloca no pescoço de Sterling, que permanece imobilizado no solo.

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Nesse momento do vídeo, a câmera se afasta da cena, são ouvidos alguns tiros e uma voz que grita: "Tem uma arma, uma arma!".

O vídeo, também divulgado nas redes sociais, provocou na noite de quarta-feira vários protestos na capital da Louisiana, onde algumas pessoas bloquearam o trânsito e outras carregavam cartazes e cantaram palavras de ordem como "Sem justiça, não há paz" ou "As vidas dos negros importam". / NYT e EFE

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