Política de filho único amplia tragédia

Desabamento de escolas em Sichuan causou a morte de milhares de crianças

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Por Ching-Ching Ni e Los Angeles Times
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No domingo, Liu Li, de 38 anos, recebeu um simples presente de Dia das Mães: um cesto de cravos. Naquela tarde, o rapaz de 15 anos voltou ao internato sabendo que tinha feito da sua mãe a mulher mais feliz da vila. Liu e o marido nunca pensaram em desafiar a política chinesa de filho único - já tinham tudo que poderiam esperar de um filho. Meng Hao era bom aluno e atleta dedicado. Na quarta-feira, as flores do Dia das Mães ainda estavam frescas na sala, ao lado de diplomas escolares de Hao. Mas o filho de Liu estava morto. Enquanto aumenta o número de mortos do terremoto, a Província de Sichuan tornou-se um vale de tristeza. As escolas estão entre os prédios mais danificados. Muitos dos moradores são pais que perderam o filho único. Em Sichuan, uma das províncias mais populosas da China, a política governamental de filho único é rigorosa para os agricultores pobres. "Eu diria que 90% das pessoas daqui têm apenas um filho", disse Wang Xia, abraçando a filha de 5 anos, depois de encontrá-la viva e sã numa creche. Como tantos outros moradores daqui, os pais de Hao faziam tudo ao seu alcance para dar-lhe boa educação. Seu pai é operador de trator. A mãe trabalha até tarde numa fábrica de tampas de garrafa. Um dos colegas de Hao que escapou do prédio desabado afirmou que sobreviveu porque o professor disse aos estudantes para correr da sala de aula no primeiro andar quando o terremoto começou. Nos últimos meses, o governo da China - país que tem 1,3 bilhão de habitantes - chegou a cogitar da possibilidade de tornar mais flexível chinês a política de filho único, mas ela se mantém até agora, sem alterações. A multa para casais que violam a regra chega ao equivalente a R$ 39 mil.

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