O diplomata Marcos Azambuja, ex-secretário-geral do Itamaraty que foi embaixador brasileiro na França e na Argentina entre os anos 1990 e 2000, e atual conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), acredita que o Brasil tem muito a ganhar com a entrada do país na OCDE.
• Quais as vantagens de o Brasil entrar na OCDE?
A OCDE gera credibilidade. É um clube que tem regras e sócios prestigiosos. De modo que ser membro da OCDE confere uma espécie de selo de qualidade, porque é um país que segue certas regras internacionais. Portanto seria bom para o Brasil. Nós já somos muitos próximos da OCDE, temos um vínculo próximo, não é membro pleno mas está em todos os conselhos, somos quase já membros da OCDE. Por outro lado, é bom para a OCDE ter o Brasil dentro. Isso não tem sido mencionado, é como se o Brasil pleiteasse algo só em vantagem própria. A OCDE perdeu nas últimas décadas estatura, porque grandes economias saíram: Rússia, China, Índia, Brasil. É bom para o Brasil estar dentro do clube, mas é bom para o clube ter o Brasil como sócio.
• O Brasil teria mais a ganhar do que a OCDE, não?
É uma via de mão dupla. É como se o brasil fosse um postulante, apenas. Mas o Brasil traz para a OCDE status, prestígio e maior representatividade, coisa que ela não tem hoje.
• Mas as exigências americanas não são exageradas?
É uma conta muito complicada de fazer. Eu sou da opinião de que o Brasil deve entrar sem condicionalidades, sem abrir mão de nada. Da mesma maneira que a Coreia é membro sem ter aberto mão disso, a Turquia entrou na OCDE sem abrir mão dessas vantagem da OMC. O Brasil não pode abrir mão de nada, deve entrar sem condicionalidade.