WASHINGTON - Doze meses depois da posse, Donald Trump ainda não cumpriu a promessa de começar a construção de um muro na fronteira com o México. Mas uma série de medidas adotadas pelo governo ameaça 1 milhão de imigrantes que vivem nos EUA de maneira legal graças a proteções temporárias.
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O maior grupo é formado pelos jovens levados aos EUA quando eram crianças. Beneficiários do programa Daca, eles ganharam no governo Barack Obama o direito de moradia e emprego nos EUA.
Em setembro, Trump anunciou que o programa acabará em março, se não for regularizado. A mudança provocou incerteza sobre o futuro de 690 mil jovens, sendo cerca de 6 mil brasileiros, que serão forçados a deixar os EUA ou a permanecer de maneira ilegal.
Cerca de 330 mil afetados por políticas de Trump são salvadorenhos, haitianos, nicaraguenses e sudaneses que haviam sido favorecidos por proteção temporária concedida depois de desastres naturais ou por conflitos armados em seus países de origem. Trump extinguiu os benefícios e ordenou que eles deixem os EUA entre o fim de 2018 e meados de 2019.
Sarah Pierce, do Migration Policy Institute, disse que a medida de maior impacto do governo Trump foi o decreto que estabeleceu novas prioridades para a ação de agentes de imigração, que passaram a incluir virtualmente todos os que estão de maneira clandestina no país e não apenas quem cometeu crimes.
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Nos últimos meses, aumentaram as batidas e detenções em locais de trabalho e passaram a ocorrer prisões de imigrantes que vão a tribunais por problemas não relacionados à sua situação e são apreendidos na saída. O resultado foi o aumento das deportações dos detidos longe da fronteira. No ano fiscal de 2017, encerrado em setembro, o grupo representou 36% das remoções – 81,6 mil de um total de 226,1 mil. No ano anterior, foram 65,3 mil dos 240 mil.
O primeiro ano de Trump também viu um aumento de 30% da expulsão de brasileiros. O número passou de 1.095 para 1.413 na comparação com o ano fiscal de 2016 (que terminou em setembro daquele ano). As estatísticas não indicam se as remoções ocorreram na fronteira ou no interior do país.
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De acordo com dados da Assessoria de Imprensa do Ministério das Relações Exteriores, o Brasil ficou em sétimo lugar no ranking dos países com o maior número de deportações. O primeiro colocado foi o México, mas as expulsões caíram de 149,8 mil para 128,8 mil.
Pierce observou que o cumprimento de muitas das promessas de Trump em relação à imigração depende do Poder Legislativo, que resiste a autorizar os gastos bilionários necessários à construção do muro. "A promessa de rever o sistema de imigração também enfrenta dificuldades. A última reforma migratória dos EUA foi aprovada em 1990."