18 de outubro de 2017 | 13h19
LISBOA - O partido democrata-cristão CDS-PP, a quarta maior força política de Portugal, anunciou que apresentará uma moção de censura contra o governo pela falta de respostas aos devastadores incêndios florestais dos últimos meses. O líder da oposição, o ex-primeiro ministro Pedro Passos Coelho, afirmou nesta quarta-feira, 18, que seu partido, o conservador PSD, apoiará a decisão.
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"Decidimos apresentar uma moção de censura ao governo por um erro grave ao cumprir a função mais básica do Estado: proteger as pessoas", disse a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, em uma entrevista coletiva após uma reunião da Comissão Executiva da formação.
Esta será a primeira moção de censura que o Executivo do primeiro-ministro socialista António Costa terá de enfrentar desde que chegou ao poder, em novembro de 2015.
Assunção, que lidera o partido mais à direita no Parlamento português, criticou o fato de que durante esses meses o governo "não parece ter percebido as consequências da tragédia de Pedrógão Grande", onde, em meados de junho, 64 pessoas morreram em razão de um incêndio florestal de grandes proporções. A nova onda de incêndios, iniciada no domingo, fez outras 41 vítimas e o governo de Costa "não assumiu uma só responsabilidade", segundo ela.
A líder do CDS-PP disse que se reunirá com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, para tratar do assunto.
As críticas de Assunção não foram as únicas que o governo recebeu. Vários partidos exigiram que o Executivo dê respostas efetivas e se encarregue das responsabilidades pelos incêndios deste verão, o mais seco em quase 90 anos.
Além do CDS, o principal partido de oposição, o PSD, criticou a falta de posicionamento de Costa. O líder da formação, Hugo Soares, afirmou na Câmara que o seu partido pedirá o acionamento de um mecanismo para indenizar rapidamente as vítimas dos incêndios deste fim de semana.
O ex-primeiro ministro e líder da oposição Pedro Passos Coelho anunciou que o PSD apoiará a moção de censura. Ele indicou a jornalistas no Parlamento que sente "vergonha" pelo que tem acontecido em Portugal e o Executivo de Costa "não merece uma segunda oportunidade". "O Estado falhou clamorosamente, ninguém tem dúvidas", declarou.
Os partidos da esquerda radical, que apoiam o governo socialista, também se manifestaram e afirmaram que é "necessário" que a equipe de Costa esclareça quem são os responsáveis e assuma as consequências. Na mesma linha, a coordenadora do marxista Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, disse esperar que o governo reconheça o seu papel no Conselho de ministros programado para sábado.
Em meio à crise, a ministra de Administração Interna (equivalente ao Ministério de Interior no Brasil), Constança Urbano de Sousa, muito questionada desde a tragédia de Pedrógão Grande, pediu demissão do cargo. / EFE
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