22 de dezembro de 2016 | 09h37
MOSCOU - Políticos e diplomatas de primeiro ordem compareceram nesta quinta-feira, 22, à sede do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, em Moscou, para prestar uma última homenagem ao embaixador russo Andrei Karlov, assassinado na segunda-feira em Ancara. O presidente russo, Vladimir Putin; o primeiro-ministro, Dmitri Medvedev; o chefe da diplomacia, Serguei Lavrov, e o conjunto da elite política do país compareceram à cerimônia.
O caixão com o corpo do diplomata está enfeitado com bandeiras russas e muitas coroas de flores, de acordo com imagens divulgadas por emissoras de televisão locais. Após o velório, realizado na sede do Ministério das Relações Exteriores russo, o caixão será levado à Catedral de Cristo Salvador de Moscou, principal templo ortodoxo do país, onde o patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Kirill, rezará uma missa em memória do diplomata assassinado.
Putin concedeu na quarta-feira a Karlov de maneira póstuma o título de Herói da Rússia, a máxima distinção do país, por sua "coragem e grande contribuição" à política externa do país. Ele também qualificou o assassinato do embaixador como "uma provocação destinada a abortar a normalização das relações russo-turcas e torpedear o processo de paz na Síria".
O embaixador, de 62 anos, "foi vítima de um ato terrorista covarde e terrível, enquanto exercia seu dever profissional", declarou Lavrov, diante da esposa e do filho do embaixador assassinado na Turquia.
O assassinato do diplomata por um policial turco em uma galeria de arte na segunda-feira em Ancara foi denunciado por Rússia e Turquia como uma "provocação", com o objetivo de minar as relações que os dois países estão restabelecendo após quase um ano de crise. As duas nações estão em lados opostos na guerra da Síria: a Rússia apoia o regime de Bashar Assad e a Turquia defende os rebeldes que lutam contra ele.
Diante das câmeras, Mevlut Mert Altintas, um policial de 22 anos, atirou nove vezes contra o embaixador Karlov, gritou "Allahu Akbar" (Deus é grande) e afirmou que pretendia vingar a tragédia na cidade síria de Alepo, antes de ser morto.
Investigações. Apesar das declarações, que parecem vincular o assassinato à situação na Síria, os investigadores turcos privilegiam a pista de que Altintas estivesse ligado ao movimento do clérigo opositor Fethullah Gulen, acusado pelo governo do presidente Recep Tayyip Erdogan de ter planejado a tentativa de golpe de Estado realizada em julho. De acordo com a imprensa local, os investigadores encontraram livros sobre a organização de Gulen durante uma operação de busca na casa de Altintas.
As autoridades turcas liberaram nesta quinta-feira os integrantes da família do atirador. Os pais, irmã, dois tios e uma tia de Altintas estavam em detenção preventiva desde segunda-feira, informou a agência de notícias Anadolu. Os investigadores procuram 120 pessoas relacionadas ao assassinato, de acordo com a agência.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que não se deve tirar conclusões apressadas" e pediu que as pessoas "aguardem os resultados do trabalho dos investigadores". A Turquia enviou à Rússia 18 policiais, agentes e diplomatas para ajudar nas investigações. / AFP e EFE
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