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Políticos tentam se defender ou tirar proveito do blecaute

Por Agencia Estado
Atualização:

Com o fornecimento de energia restabelecido em Nova York e praticamente normalizado nas demais cidades dos oito Estados dos Estados Unidos e uma província do Canadá, afetados pelo monumental blecaute da quinta-feira, os políticos estão agora empenhados em se proteger das conseqüências do desastre e/ou tirar vantagem dele. O tom defensivo que o presidente George W. Bush assumiu, na sexta-feira, ao classificar o episódio de "um chamado à ação" para o país modernizar e ampliar sua "antiquada" rede de transmissão, que em sua maior parte data dos anos 50, deixou evidente o temor da Casa Branca de que o apagão venha a despertar a atenção dos eleitores para os fortes laços do líder americano e de seu vice, Dick Cheney, com a indústria de energia. Líderes republicanos defenderam a aprovação de uma lei sobre energia parada no Congresso, que dá prioridade à abertura de novas fontes de petróleo e de outros combustíveis fósseis à exploração. Previsivelmente, os democratas que disputam a chance de impedir a reeleição de Bush em novembro do ano que vem não perderam tempo para testar a vulnerabilidade potencial do presidente, sugerindo que o governo se omitiu na tarefa de cuidar da segurança energética e econômica do país. "Milhões de americanos estão familiarizados agora com o nosso antigo e antiquado sistema de energia", disse o senador John Kerry, de Massachusetts, tido como um dos pré-candidatos mais fortes, ao New York Times. "Esta não é uma administração que olha para a frente e tenta eliminar os problemas antes de eles acorrerem." Para o deputado Richard Gephardt, de Missouri, outro pré-candidato à Casa Branca, o blecaute é "prova adicional de que a administração Bush está inexoravelmente ligada ao petróleo do Golfo Pérsico e às velhas fontes de energia e é incapaz de elaborar uma estratégia de política de energia abrangente e voltada para o futuro". A esperança dos democratas é que o apagão tenha para Bush o mesmo efeito que a crise de energia da Califórnia teve para o governador Gray Davis, cuja popularidade despencou depois de quase um ano de apagões intermitentes e que enfrentará um plebiscito que pode revogar seu mandato. "Nada mobiliza as pessoas mais do que a falta de energia elétrica", observou ao Times Bill Carrick, um estrategista democrata da Califórnia. Desregulamentação - Em toda a polêmica, um tema que dificilmente será examinado em profundidade ou explorado politicamente por republicanos ou democratas será o da desregulamentação do setor. Executada nos anos 90, em parte para viabilizar novos investimentos em capacidade geradora durante o período de maior crescimento econômico da história dos EUA, a desregulamentação não foi acompanhada pela necessária expansão e diversificação das linhas de transmissão, nem por políticas de coordenação regional do gerenciamento operacional da rede. O tema é politicamente incômodo porque os dois partidos apoiaram a desregulamentação da forma como ela foi feita e seus políticos receberam milhões de dólares em contribuições das empresas e dos executivos do setor.

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