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Políticos vivem com medo

Premiê e maioria dos deputados não saem de seus bunkers

Por John Kifner
Atualização:

Beirute - Há mais de um ano, temendo ser assassinado, o primeiro-ministro do Líbano, Fuad Siniora , vive em seu escritório na elegante sede do governo, cercado por arame farpado, soldados e veículos blindados que o separam de manifestantes adversários. Cerca de 40 dos 67 membros do Parlamento estão entocados no luxuoso Hotel Phoenicia, a alguns quarteirões de distância, protegidos por três barreiras de detectores de metal, agentes de segurança e cortinas fechadas. Os líderes das duas maiores bancadas parlamentares vivem em palácios fortificados - um no alto de uma montanha, o outro em ruas fechadas por blocos de concreto. Um bom termômetro do avanço do Líbano na direção de um futuro pacífico é a constatação de quanto seus líderes se sentem ameaçados. O assassinato é, por assim dizer, uma rotina no país. Segundo uma contagem recente, 36 políticos importantes foram assassinados desde que os libaneses declararam sua independência, há 64 anos. No Líbano, é particularmente perigoso ser presidente ou primeiro-ministro. Os dois últimos anos foram os mais perigosos. O assassinato do ex-primeiro-ministro Rafic Hariri, em 2005, provocou manifestações que forçaram o fim da ocupação do país pela Síria, que durou 30 anos. Mesmo depois da retirada de seus soldados, a Síria conserva agentes no Líbano. Há duas semanas, o país parecia estar desfazendo um longo impasse para encontrar um presidente confiável para todas as partes. Um acordo abriu a possibilidade para que um general da ativa, Michel Suleiman, possa ser eleito presidente pelo Parlamento. Contudo, ainda que esse acordo vingue, os políticos libaneses devem continuar entrincheirados, aterrorizados pela lista de figuras anti-sírias assassinadas desde que Hariri foi morto: Antoine Ghanem, Walid Eido e Pierre Gemayel, membros do Parlamento; Samir Kassir e Gibran Tueni, jornalistas; e George Hawi, líder do Partido Comunista.

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