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Polônia precisa de ajuda

Ampliação da presença e das atividades da Otan no país é fundamental para garantir estabilidade na região

Por Witold Waszsczykowski
Atualização:

Sentado ao lado de Barack Obama, num almoço durante a sessão da Assembleia Geral da ONU, em 2009, o presidente Lech Kaczynski, da Polônia, deu ao colega o livro The Peasant Prince, biografia de Thaddeus Kosciuszko, comandante polonês que combateu no exército de George Washington em 1776, e idealizou a estratégia das Batalhas de Saratoga, momento decisivo da Revolução Americana.

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Em setembro do ano passado, foi o novo presidente da Polônia, Andrzej Duda, herdeiro político de Kaczynski, quem sentou ao lado de Obama num jantar durante a Assembleia Geral. O presidente russo, Vladimir Putin, estava à mesma mesa, mas, ao que tudo indica, não participou da conversa.

Polônia e EUA são mais do que parceiros estratégicos. Somos amigos e aliados muito próximos e temos uma história e valores em comum. Depois dos ataques do 11 de Setembro, atendendo ao pedido de solidariedade dos EUA, a Polônia enviou soldados ao Iraque. No Afeganistão, nosso país forneceu um dos maiores contingentes militares à missão da Otan e nossos assessores militares continuam supervisionando o treinamento das tropas afegãs.

É justamente esse estreito vínculo que torna vital para os EUA compreender a situação embaraçosa que a Polônia enfrenta. Neste momento, a Europa vem sendo abalada por uma crescente instabilidade. A União Europeia está enfraquecida pela recessão e tumultuada pelos conflitos que se travam às suas fronteiras. A agressão da Rússia contra a Ucrânia é um problema também para a Polônia.

Não temos condições de resolver esse problema sozinhos. Precisamos do apoio dos EUA e de outros aliados da Otan. A Polônia cumpre suas obrigações na Organização com total seriedade, investindo e observando a meta de 2% do PIB para os gastos da defesa – algo de que somente quatro outros membros da aliança de 28 países podem se gabar. Em breve, a Polônia abrigará uma base para mísseis como parte da contribuição americana ao sistema de defesa da Otan contra mísseis balísticos. Nós participamos de praticamente todas as missões e operações aliadas e pagamos por elas com sangue e recursos.

Tendo isso em mente, a Polônia espera hospedar a próxima cúpula da Otan em julho, uma oportunidade para os líderes de todos os países membros da organização reformularem as missões estratégicas fundamentais da aliança. Na última cúpula, realizada em Newport, em 2014, no País de Gales, os membros concordaram em aumentar os exercícios, adotar a rotatividade das forças e posicionar os equipamentos militares nos países membros da Europa Oriental. Esse “pacote de Newport” tem sido valioso – mas constitui apenas uma solução temporária. Este ano, esperamos ver o “pacote de Varsóvia” um pouco mais amplo, com uma presença permanente da Otan na Polônia.

Somente uma presença significativa – que inclua infraestrutura, unidades militares terrestres e sistemas de defesa avançados – poderá proporcionar à Polônia e a outros aliados na região o grau de segurança imprescindível para nós. Essa presença precisa ser respaldada pela realização de exercícios militares conjuntos regulares e, acima de tudo, tornar-se um elemento fundamental de precisos planos de defesa da Otan.

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Essa presença não constitui uma mudança radical – a Otan já realizou exercícios e posicionou equipamentos e veículos em vários países da Europa Oriental. Mas os EUA precisam ir além disso, usando sua liderança para que uma presença avançada no flanco oriental da Otan se torne um esforço multinacional.

As relações entre Polônia e EUA ultrapassam a questão da segurança. A promoção dos valores democráticos e o apoio a democracias recentes têm sido a marca característica da nossa parceria. Os nossos interesses econômicos estão alicerçados na convicção de que a democracia se fortalece com os estímulos ao crescimento e a promoção da igualdade – e é exatamente isso que empreendemos na Polônia.

O lema de Kosciuszko, na luta pela independência americana, era “Pela vossa liberdade e pela nossa”. Unidos indissoluvelmente por história, interesses e valores comuns, Polônia e EUA podem e devem contribuir para uma Europa mais estável e próspera. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

*WITOLD WASZSCZYKOWSKI É MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES DA POLÔNIA