População do Líbano teme que conflito sírio chegue ao país

Atentado nesta sexta-feira deixou oito mortos e foi atribuído a forças do governo da Síria

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Por Gustavo Chacra e correspondente em Nova York
Atualização:

NOVA YORK - Era início da tarde em Ashrafyeh, tradicional bairro da elite cristã de Beirute. Siham Harati, cônsul do Brasil no Vale do Bekaa, visitava sua filha, que mora a poucos quarteirões do shopping ABC, um dos mais sofisticados do mundo árabe.

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"Havíamos acabado de passar pela Sessine", disse ela por telefone ao Estado, referindo-se à praça rodeada por cafés e restaurantes no bairro cristão. "Ouvi um barulho forte e meu corpo foi jogado para a frente. O motorista foi com a cara em direção ao vidro, mas não se machucou." Segundo Harati, ao olhar para trás, ela viu fumaça. Minutos depois, na casa da filha, entendeu o que tinha ocorrido.

Os libaneses estão acostumados com episódios como o desta sexta-feira. Dezenas ocorreram desde que um carro-bomba explodiu e matou o então premiê e líder da oposição Rafic Hariri, na marina de Beirute. Os mais velhos ainda se recordam de momentos piores, como os 15 anos de guerra civil, entre 1975 e 1990. A diferença é que, agora, a Síria, antes símbolo de estabilidade, vive um conflito armado.

Pelo Facebook, um brasileiro-libanês informou ao Estado que os sunitas estavam revoltados com a morte de Wissam al-Hassan, aliado de Saad Hariri, principal nome da oposição. "Nós cristãos estamos em casa, aguardando o que pode ocorrer. Estamos tensos", disse outro brasileiro. Saif Amous, acadêmico palestino que vive na região de Hamra, era menos cético. "Hoje as ruas estão mais vazias, mas amanhã volta ao normal", disse.

 

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