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Por conta do vírus, Piñera propõe adiar eleição da Assembleia Constituinte

Proposta, que tem apoio de cientistas e da oposição, altera data da votação de 10 e 11 abril para 15 e 16 de maio; Mudança, no entanto, precisa ser aprovada por dois terços do Congresso

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Por Redação
Atualização:

SANTIAGO - O presidente do Chile, Sebastián Piñera, anunciou no domingo, 28, que irá solicitar o adiamento da eleição da Assembleia Constituinte devido à nova onda de contágios do novo coronavírus no país. Seguindo a recomendação de conselheiros científicos e líderes da oposição, Piñera deve enviar ao Congresso o pedido de reagendamento, o que levaria a votação para o mês de maio.

Ao afirmar que a prioridade "é a saúde de todos os habitantes do Chile", Piñera anunciou em rede nacional que apresentará nesta segunda-feira, 29, um projeto de lei de reforma constitucional "para adiar as eleições de 10 e 11 de abril, em meio ao aumento preocupante dos casos de covid-19", que na semana passada superou a primeira onda de junho de 2020, com mais de 7 mil contágios diários.

Presidente do Chile, Sebastián Piñera chega a La Moneda para pronunciamento sobre proposta de adiamento da reforma constitucional por aumento de casos da covid-19. Foto: EFE/EPA/Marcelo Segura

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O anúncio é uma formalidade depois que os assessores do governo para a pandemia, o Colégio Médico e líderes da oposição pediram nos últimos dias o adiamento da eleição.

O presidente propôs que a votação aconteça em 15 e 16 de maio. A aprovação da mudança da data precisa dos votos de dois terços do Congresso. Pesquisas apontam que a população também é favorável ao adiamento devido à situação da pandemia.

"Proteger a saúde e a vida de nossos compatriotas sempre foi nossa prioridade e compromisso", disse Piñera, ao lado do ministro da Saúde, Enrique Paris, ao final de uma reunião de emergência no palácio presidencial de La Moneda em Santiago. O adiamento acontece em um dos piores momentos da pandemia, com mais de 16 milhões de habitantes do país submetidos a um confinamento estrito desde quinta-feira, 26.

"Nossa meta é que até 15 de maio consigamos vacinar milhões de pessoas e permitir eleições mais seguras", afirmou o presidente. Piñera destacou que os altos índices de contágio nas últimas semanas e a sensação de insegurança nas ruas "inibem muitos de sair para votar".

Como autoridade, ele deseja uma eleição com alta participação para a escolha dos constituintes, assim como o resultado de comparecimento de quase 80% do eleitorado em 25 de outubro de 2020.

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O plebiscito daquele dia sobre a possibilidade de mudança da Constituição herdada da ditadura militar de Augusto Pinochet (1973-1990) - reformada durante os últimos 30 anos de democracia - foi a solução institucional para a dura crise social que sacudiu o Chile a partir dos protestos violentos de outubro de 2019.

Mulher caminha pelo Paseo Bandera, em Santiago. Foto: Esteban Felix/AP

Avanço da pandemia

O aumento no número de casos de covid-19 no Chile é resultado de uma confluência de fatores, de acordo com a médica Carolina Herrera, especialista em doenças respiratórias da Força Aérea do país. Viagens de férias, o cansaço da população, falhas de comunicação e a sensação de fim da pandemia contribuíram para o cenário atual.

Milhares de chilenos viajaram para praias, entre janeiro e fevereiro, época das férias. "Isso causou interações entre pessoas cujo resultado está sendo demonstrado agora em forma de aumento e de pico nas infecções. Nunca havíamos tido mais de 7 mil casos em um dia", afirmou a médica, lembrando que o número de 172 mortes também foi o mais alto registrado no país.

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Herrera cita falhas na comunicação por parte das autoridades, dos jornais e dos principais programas de TV. "A linguagem permitiu entender que, se houvesse 15 milhões de chilenos vacinados, a circulação do vírus acabaria e estaríamos todos salvos, que não precisaríamos nem de máscara", disse. "É preciso esclarecer: o fato de estar vacinado não exime da possibilidade de estar infectado. Imunidade não significa nunca mais correr riscos."

No mesmo sentido, a epidemiologista Muriel Ramírez, da Faculdade de Medicina da Universidade Católica do Norte, diz que a cobertura das vacinas ainda é parcial e a maior imunidade é alcançada somente duas semanas após a segunda dose. Mesmo assim, isso não impede que a pessoa seja infectada. Segundo ela, a vacina é uma ferramenta que evita a doença grave, mas não a transmissão. Por isso, é importante manter as medidas de prevenção./ Paulo Beraldo, com informações da AFP e EFE 

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