Por dentro da máquina de propaganda do EI

Acompanhe em quatro capítulos as ações do grupo jihadista para recrutar jovens

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Por Redação
Atualização:

Em uma série de reportagens sobre a ascensão do Estado Islâmico e a implicação desse crescimento no Oriente Médio, o jornal Washington Post mostra como funciona a dinâmica do grupo jihadista e as formas de propaganda que têm atraído milhares de jovens, como as atribuições distribuídas a cada membro do grupo em tiras de papel com a bandeira negra do EI, o selo de mídia do grupo e o local de filmagem do dia.

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Acompanhe a partir desta terça-feira, 8, os capítulos sobre a máquina de propaganda do EI:

O câmera:

Abu Hajer, marroquino de fala mansa com uma barba rala e modos tranquilos, disse ter sido um jihadista envolvido com a produção de conteúdo midiático por pelo menos uma década antes de chegar à Síria, em 2013. Ele começou a participar de fóruns na internet depois da invasão americana ao Iraque em 2003 e mais tarde tornou-se administrador do conhecido site Shamukh, no qual era responsável por convidar novos membros e monitorar conteúdo publicado por militantes.

Essas credenciais abriram caminho para que ele cumprisse tarefas encomendadas pelo Estado Islâmico. O grupo tem um sistema elaborado de avaliação e treinamento de novos recrutas. Abu Hajer disse que pouco antes de chegar à Síria foi treinado pela equipe de mídia do EI. Ele passou dois meses em um treinamento militar básico antes de entrar em um programa de um mês para operadores de conteúdo midiático. O projeto é especializado em filmagem, edição e montagem das entrevistas e vídeos publicados pelo EI, segundo ele. Depois de completar o curso, recebeu uma câmera Canon, um smartphone Samsung Galaxy e a tarefa da unidade de mídia do califado em Raqqa. 

Na Síria, o marroquinho e a família receberam uma casa com jardim e um carro - uma Toyota Hilux com tração nas quatro rodas - além de um salário mensal de US$ 700, dinheiro, comida, roupa e equipamentos. Ele também não precisava pagar os impostos religiosos cobrados pelo EI. 

Rapidamente, Abu Hajer desenvolveu uma rotina que começava logo de manhã com filmagens, cujas instruções eram enviadas em pedaços de papel. A maior parte dos trabalhos era tranquila, como a filmagem de festas religiosas. 

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O câmera conta que encontrou uma vez um refém ocidental: o jornalista britânico John Cantlie, a quem os militantes do EI obrigavam que fosse filmado fazendo reportagens zombando dos governos europeus e americanos e exaltando o califado. "Não sei dizer se ele foi forçado ou ameaçado. Mas ele andava livremente", disse Abu Hajer.

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